Uma fonte francesa próxima do processo, citada pela agência de notícias francesa AFP a coberto do anonimato, indicou que os debates estão a decorrer e que está a ser considerado um projeto que incluirá vários países europeus.
Citando "responsáveis ocidentais", vários jornais britânicos, entre os quais The Guardian, The Financial Times e The Times, afirmaram que essa força será principalmente aérea e marítima, com uma presença "mínima" no terreno, longe da linha da frente de batalha, no leste do país.
Esse contingente militar terá como objetivo impedir os ataques russos a cidades, portos e infraestruturas ucranianas, na eventualidade de um cessar-fogo com a Rússia mediado pelos Estados Unidos, escreveu o The Guardian.
De acordo com a fonte francesa a par do que está em discussão, o Centro de Planeamento e Condução de Operações (CPCO) do Exército francês está a trabalhar na questão das garantias de segurança na Ucrânia.
"A ideia é colocar soldados na segunda linha, não na linha da frente. Isso poderá ser combinado com uma operação multinacional, com contingentes não-europeus que estarão, eles sim, na linha da frente", acrescentou, referindo-se a um projeto que seria posto em prática "após o cessar-fogo".
A fonte indicou que o projeto não é franco-britânico, envolvendo outros países, nomeadamente a Dinamarca e os Estados Bálticos. Mas "a maioria, em termos de efetivos, seria fornecida por franceses e britânicos".
Os europeus receiam que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, termine a guerra na Ucrânia, iniciada pela Rússia há três anos com a invasão do país vizinho, em termos que sejam favoráveis a Moscovo, sem fornecer garantias de segurança a Kiev.
Segundo esses jornais, uma das condições para o plano seria a garantia de uma "cobertura aérea" dos Estados Unidos, para dissuadir a Rússia de violar o acordo.
O Exército francês ver-se-ia obrigado a mobilizar quase "tudo o que tem", em termos de equipamento e armamento, para assegurar esses destacamentos, indicou a fonte francesa, acrescentando: "Isso significa que não nos restaria muito em caso de a situação se deteriorar".
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já anteriormente apelou para a presença de uma força ocidental de pelo menos 100.000 soldados.
Donald Trump declarou-se "totalmente a favor" da presença de tropas europeias de manutenção da paz na Ucrânia, mas a Rússia opõe-se firmemente. E Pete Hegseth, o secretário da Defesa do Governo Trump, declarou em meados de fevereiro que "não serão enviadas tropas norte-americanas para a Ucrânia".
As relações entre os Presidentes ucraniano e norte-americano degradaram-se nos últimos dias, depois de Trump ter descrito Zelensky como um "ditador sem eleições".
Neste contexto, o Presidente francês, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, são esperados na próxima semana em Washington para uma reunião com o chefe de Estado norte-americano.
Este clima está a criar "um pouco de pânico", observou a fonte francesa, acrescentando: "Já não sabemos o que vai acontecer com a NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental). Há uma súbita aceleração das coisas".
Keir Starmer declarou-se no domingo pronto para enviar soldados para a Ucrânia, se necessário, apelando no dia seguinte aos Estados Unidos para fornecerem "uma garantia de segurança" à Ucrânia. Na sua opinião, essa é "a única forma" de dissuadir a Rússia de voltar a atacar o país vizinho.
De acordo com a imprensa britânica, um dos objetivos da força europeia será garantir a reabertura do espaço aéreo ucraniano aos voos comerciais e manter a segurança do comércio marítimo no mar Negro, uma rota essencial para as exportações de bens alimentares e cereais da Ucrânia.
Entre os outros grandes Exércitos do continente, a Polónia está, por enquanto, concentrada na segurança das eleições presidenciais de maio, uma questão em que não há unanimidade na classe política do país.
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