RDCongo. Uganda nega visar rebeldes M23, que são apoiados pelo Ruanda

O Presidente ugandês, Yoweri Musevini, disse hoje que o envolvimento de militares do seu país no leste da República Democrática do Congo (RDCongo), ao lado do exército democrático-congolês, "não tem nada a ver" com o movimento rebelde M23.

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© LUIS TATO/AFP via Getty Images

Lusa
21/02/2025 18:17 ‧ ontem por Lusa

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RDCongo

Kampala, 21 fev 2025 (Lusa) -- O Presidente ugandês, Yoweri Musevini, disse hoje que o envolvimento de militares do seu país no leste da República Democrática do Congo (RDCongo), ao lado do exército democrático-congolês, "não tem nada a ver" com o movimento rebelde M23.

 

"A nossa presença não tem nada a ver com a luta contra os rebeldes do M23", escreveu Museveni na sua pagina numa rede social, recordando que há já quatro anos os militares ugandeses combatem outro grupo rebelde tendo como alvo as Forças Democráticas Aliadas (ADF, na sigla em inglês), que tem ligações ao grupo extremista Estado Islâmico.

"Com a deterioração da situação de segurança no leste da RDCongo, obtivemos autorização do governo democrático-congolês para nos deslocarmos (...) para o norte da nossa zona operacional", continuou.

Uma fonte diplomática disse esta semana à agencia francesa AFP que o Uganda tinha entre oito mil e dez mil militares na RDCongo, incluindo cerca de mil enviados no final de janeiro.

Kampala tem-se escusado a confirmar o número exato de efetivos que mantém na RDCongo.

A publicação de Yoweri Musevini foi feita num contexto de avanços rápidos do M23, apoiado por militares ruandeses, que faz recear uma guerra regional.

Nas últimas semanas, os combatentes do M23 apoderaram-se de Goma e Bukavu, as capitais das províncias de Kivu Norte e Kivu Sul, tendo já conquistado vastas áreas desta região rica em recursos minerais desde 2021.

Mais a norte, em Ituri, o exército ugandês anunciou na terça-feira o envio de tropas para Bunia, a capital desta província fronteiriça com o Uganda e palco de ataques de grupos armados, nomeadamente o M23 e as ADF, originalmente rebeldes ugandeses de maioria muçulmana.

"Os ugandeses continuam empenhados em cooperar com a RDCongo numa base de governo para governo, e há um desejo de preservar uma abordagem política que difere" da abordagem militar de Kigali, acrescentou Musevini.

O Uganda tem sido acusado por especialistas de também estar a trabalhar contra os interesses da RDCongo ao apoiar o M23, permitindo-lhe utilizar o seu território como rota de abastecimento -- mas tem rejeitado firmemente essas acusações.

Analistas temem que a escalada no leste da RDCongo possa levar a uma repetição da situação registada em 1998, quando o Uganda e o Ruanda apoiaram grupos rebeldes na região.

Esta situação desencadeou o que ficou conhecido como a Segunda Guerra do Congo (1998-2003), que envolveu vários países africanos, entre os quais Angola, cujos militares combateram ao lado de Kinshasa, e provocou milhões de mortos devido à violência, doenças e fome.

Na quarta-feira, a ONU manifestou a sua preocupação pelo facto de o risco de uma conflagração regional ser "mais real do que nunca".

Leia Também: Número de refugiados congoleses sem precedentes no Burundi

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