"O perdão não tem sentido até que as falhas tenham sido investigadas e todos os responsáveis tenham assumido a responsabilidade", disse Ofri Bibas no funeral da cunhada Shiri Bibas e dos dois sobrinhos Ariel e Kfir.
Shiri Bibas e os filhos estavam entre as mais de duas centenas de pessoas que foram raptadas durante o ataque do Hamas de 07 de outubro de 2023, e levadas como reféns para a Faixa de Gaza.
"Eles [autoridades israelitas] podiam ter-vos salvo, mas preferiram a vingança", acrescentou Ofri Bibas, citado pela agência francesa AFP.
Logo após o ataque do Hamas, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ordenou uma operação militar de grande escala contra a Faixa de Gaza para destruir o grupo radical palestiniano e resgatar os reféns.
A situação da família Bibas veio a personificar o sentimento de perda e luto que ainda se sente em Israel após o ataque do Hamas que desencadeou a guerra, segundo a agência norte-americana AP.
As imagens de Shiri Bibas, aterrorizada, agarrada aos dois filhos, Kfir, de 9 meses, e Ariel, de 4 anos, quando foram levados para Gaza pelos militantes, estão gravadas na memória coletiva do país.
Dezenas de milhares de israelitas viram hoje passar as viaturas que transportavam os corpos da família Bibas para o funeral, exibindo bandeiras, balões cor de laranja e cartazes em que se se lia "perdoem-nos".
Israel diz que as provas forenses mostram que as crianças foram mortas pelos captores em novembro de 2023, enquanto o Hamas afirma que a família foi morta juntamente com os seus guardas num ataque aéreo israelita.
Os três corpos foram entregues no início de fevereiro, no âmbito de um acordo de cessar-fogo que suspendeu os combates entre Israel e o Hamas.
No total, 25 reféns israelitas vivos e quatro mortos foram devolvidos a Israel desde o início da trégua, de um total de 33 previstos durante a primeira fase do acordo, em troca de cerca de 1.100 palestinianos de um total de 1.900.
O grupo radical, que governa Gaza desde 2007, anunciou hoje que vai devolver a Israel mais quatro corpos de reféns na quinta-feira.
No ataque sem precedentes em Israel, os militantes do Hamas e de outros grupos radicais também mataram cerca de 1.200 pessoas, segundo as autoridades israelitas.
A resposta israelita provocou mais de 48.300 mortos em Gaza durante os 15 meses de combates, de acordo com as autoridades do Hamas no enclave palestiniano.
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