Família Bibas sepultada em Israel: "Eras tudo para mim"

Milhares de israelitas acompanharam o cortejo fúnebre dos três membros da família Bibas hoje sepultados perto do kibutz de Nir Oz, onde residiam quando foram sequestrados pelo movimento islamita palestiniano Hamas, a 07 de outubro de 2023.

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© Alexi J. Rosenfeld/Getty Images

Lusa
26/02/2025 15:38 ‧ há 3 horas por Lusa

Mundo

Médio Oriente

A multidão alinhou-se de ambos os lados da estrada, desde a cidade de Rishon LeZion, de onde partiu o cortejo, até ao cemitério de Tsoher, onde foram sepultados a mãe, Shiri Bibas, e as crianças, Ariel e Kfir, numa cerimónia transmitida pela televisão.

 

Uma multidão concentrou-se também na Praça dos Reféns, em Telavive, acompanhando as imagens transmitidas pelos canais de televisão locais e agitando bandeiras israelitas.

Os presentes expressaram o seu apoio a Yarden Bibas, o pai das crianças falecidas, que também foi sequestrado, mas foi libertado com vida no início de fevereiro, no âmbito de uma troca entre o Hamas e Israel, ao abrigo do cessar-fogo em vigor na Faixa de Gaza.

Yarden, marido de Shiri, explicou que os três foram sepultados na mesma urna para que "permaneçam sempre juntos" e lamentou não ter conseguido "protegê-los".

"Ajudem-me a não cair na escuridão", disse, num discurso em que elogiou a mulher e os filhos, que tinham 10 meses e 4 anos quando foram sequestrados.

"Amo-te e amar-te-ei sempre. Eras tudo para mim. Eras a melhor mãe e a melhor mulher que eu poderia ter tido. Eras a minha melhor amiga. Quem me ajudará agora a tomar decisões?", lamentou Yarden durante a cerimónia fúnebre, na qual se referiu à sua mulher como "o meu amor".

"Penso em tudo o que passámos juntos e há recordações muito bonitas. Lembro-me dos nascimentos de Ariel e Kfir. Lembro-me dos dias em que nos sentávamos a tomar um café, só tu e eu, e conversávamos durante horas. Sinto falta desses pequenos momentos", disse Yarden Bibas, citado pelo diário The Times of Israel.

Antes, o Presidente israelita, Isaac Herzog, homenageou Shiri Bibas e os filhos, numa mensagem publicada nas redes sociais antes de os três serem sepultados.

"Todo o país está de luto. Os nossos corações estão destroçados e acompanhamos-vos no vosso eterno descanso", afirmou.

"Não era isto que tínhamos sonhado recuperar (...) Este é um pranto que será ouvido de um extremo ao outro do mundo e que despertará algo no coração das pessoas em todo o lado. Juntem-se a nós no nosso pranto; o pranto de uma nação inteira e de um povo destroçado", afirmou.

O caso da família Bibas causou polémica em Israel, depois de as autoridades israelitas terem acusado o Hamas de violar o acordo de cessar-fogo ao entregarem, a 20 de fevereiro, o corpo de uma pessoa cujos restos mortais não correspondiam inteiramente aos de Shiri Bibas, embora o movimento palestiniano tenha logo afirmado que esses restos mortais estavam "misturados" com os de outras vítimas de um bombardeamento israelita da Faixa de Gaza.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, não tardou a descrever o incidente como uma "violação cruel e atroz do acordo de cessar-fogo" alcançado entre as partes e em vigor desde 19 de janeiro.

No dia seguinte, as forças israelitas comunicaram uma nova entrega de restos mortais que coincidiam com os da refém em questão, facto que foi confirmado a 22 de fevereiro pelo Fórum das Famílias de Reféns e Desaparecidos, que comunicou a identificação destes restos mortais como sendo os de Shiri e sublinhou que deveriam ter sido entregues antes.

O Hamas reiterou que tanto Shiri como as duas crianças morreram em novembro de 2023, em consequência de um bombardeamento israelita "ordenado pelo próprio Netanyahu", a quem acusa de ser o principal responsável pelas suas mortes.

Em resposta a tais acusações, o Exército israelita sublinhou que foram, na verdade, os "terroristas" do Hamas que mataram as crianças "com as suas próprias mãos".

A entrega dos corpos também não foi isenta de polémica: o Governo israelita classificou como "repugnante e horrendo" o "espetáculo monstruoso" proporcionado pelo Hamas com a cerimónia organizada para a entrega dos cadáveres de quatro reféns mortos na Faixa de Gaza, incluindo os três da família Bibas.

A cerimónia foi igualmente criticada pelas Nações Unidas e pela Comissão Internacional da Cruz Vermelha (CICV), que manifestaram a sua "preocupação e insatisfação" com o 'modus operandi' do movimento armado palestiniano.

Por esta razão, apelaram para que estas entregas fossem efetuadas de forma "privada e digna", advertindo para possíveis violações do Direito Internacional.

Leia Também: Família Bibas responsabiliza Israel pelas mortes: "Podiam ter-vos salvo"

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