Adalberto Campos Fernandes manifestou-se esta quarta-feira em relação à Operação Marquês, enaltecendo o facto de Fernando Medina ter quebrado o silêncio em relação a José Sócrates, ao considerar que o comportamento de José Sócrates "corrói o funcionamento da vida democrática".
"Fernando Medina merece o meu respeito por ter ousado sair do terreno pantanoso do politicamente correto. A pior coisa que se pode fazer pelo Estado de direito é desistir de o defender", escreveu o ex-ministro do PS.
Adalberto Campos Fernandes acrescentou, numa publicação feita no Facebook, que "o que corrói a democracia é a pretensa ideia de que existem muros estanques na sociedade".
"A ideia perigosa de que a democracia sobrevive a tudo mesmo à negação dos seus valores. O facto de existir um tempo e um espaço próprios da justiça não desobriga a política das suas responsabilidades. A democracia enfraquece quando perde o suporte da integridade e da ética", rematou.
Já esta quarta-feira, em entrevista à TVI, José Sócrates disse que que as declarações do autarca de Lisboa "são de uma profunda canalhice", acusando a direção do PS de ter sido o "mandante" daquela tomada de posição.
O juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal decidiu levar a julgamento os arguidos José Sócrates, Carlos Santos Silva, pronunciados por três crimes de branqueamento de capitais e outros três de falsificação de documentos cada um; o ex-presidente do BES Ricardo Salgado, por três crimes de abuso de confiança; o ex-ministro Armando Vara, por branqueamento de capitais e João Perna, o ex-motorista do antigo primeiro-ministro, por posse de arma proibida.
A decisão do juiz ficou muito aquém do pedido pelo Ministério Público que tinha acusado 28 arguidos, entre os quais nove empresas, de um total de 188 crimes económicos e financeiros, entre os quais corrupção e fraude fiscal.
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