Luís Marques Mendes afirmou este domingo, no seu espaço de comentário na SIC, que o eurodeputado Paulo Rangel é quem está nas melhores condições para vir a disputar a liderança do PSD a Rui Rio nas próximas eleições internas, em janeiro próximo.
"Não havendo Passos Coelhos, que já disse que não quer voltar à liderança tão cedo, julgo que restam algumas outras hipóteses: Luís Montenegro, Miguel Pinto Luz, Jorge Moreira da Silva, Pedro Duarte e Paulo Rangel. Aquele que está em melhores condições para disputar a liderança é Paulo Rangel. Neste momento, é aquele que está na 'pole position'", analisou, acrescentando que a prova disso é que "já lhe começaram a fazer alguns ataques".
Sobre a entrevista que o líder do seu partido deu ao Expresso, Marques Mendes caracterizou-a como "curiosa" e "interessante". O presidente do PSD "dá um sinal claro de que quer mudar de estratégia", apontou, frisando, no entanto, que "não é uma coisa muito normal Rio estar a mudar de estratégia", tendo em conta que "é mais conhecido pela sua teimosia".
Na ótica do comentador, a opção de mudar de estratégia, no sentido de privilegiar as diferenças com o PS, é algo "positivo" porque "o país precisa de um bom governo mas também de uma boa oposição". Constatando que o país precisa de ter uma alternativa política que neste momento não tem, Marques Mendes assinalou que para isso acontecer "é preciso que os portugueses percebam no que é que o PSD é diferente do PS". E isso exige que o partido apresente causas e soluções diferentes.
"No entanto, um dos temas que coloca no início de conversa para estabelecer as diferenças não me parece ser um bom exemplo: a revisão da Constituição", atirou. Para o comentador, "nesta altura do campeonato, as pessoas estão sobretudo preocupadas com o seu emprego, com o seu poder de compra, com o crescimento da economia". "As pessoas não vivem da revisão constitucional, não comem a revisão constitucional, não ligam à revisão constitucional", atirou.
Além disso, "uma revisão constitucional só se faz com o PS" e "se Rui Rio quer fazer diferenças, não é com soluções de convergência" que vai conseguir acentuá-las.
Marques Mendes comentou ainda um outro "ponto curioso" da entrevista. "Rio quebra o tabu da saída da liderança" do partido depois das eleições autárquicas, contrariando aquilo que "muito boa gente dentro do PSD" tem vindo a dizer nos últimos meses. "Ele diz que não vai sair, suceda o que suceder nas autárquicas".
E irá Rio conseguir manter-se na liderança do partido depois de janeiro? "Isso vai depender de duas coisas, em alternativa: Se a oposição interna se apresentar unida, Rio corre o risco de perder. Mas, se aparecer dividida como apareceu nas últimas eleições internas, acho que Rio tem um passeio tranquilo e vai manter-se", apontou Marques Mendes.
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