Francisco Assis, antigo eurodeputado socialista e atual presidente do Conselho Económico e Social (CES), falava no derradeiro comício do PS na campanha eleitoral para as legislativas de domingo, no pavilhão Rosa Mota, no Porto, antes da intervenção de encerramento a cargo do secretário-geral, António Costa.
Num discurso com cerca de 20 minutos, Francisco Assis referiu-se às divergências que tem com a direção do PS desde novembro de 2015, quando foi formado o Governo da "Geringonça" com suporte parlamentar do Bloco de Esquerda, do PCP e PEV.
Francisco Assis revelou que quando entrava no pavilhão Rosa Mota alguém lhe perguntou sobre a razão de estar naquele comício do PS.
"Mas onde haveria de estar senão aqui", exclamou, dirigindo-se então diretamente ao secretário-geral do PS.
"António Costa, é sabido que tivemos as nossas divergências, mas são muito maiores as nossas convergências", advogou, antes de fazer um elogio ao atual líder socialista ao nível da sua linha política seguida na União Europeia.
"Portugal não pode prescindir de um primeiro-ministro tão prestigiado e credível como é António Costa", defendeu, fazendo alusão ao trabalho do líder do executivo português no Conselho Europeu.
Mas Francisco Assis foi mais longe e concluiu: "António Costa é o mais consensual de todos os líderes europeus".
Numa intervenção sem ataques ao presidente do PSD, Rui Rio, Francisco Assis manifestou-se confiante numa vitória do PS nas eleições de domingo, mas assumiu que vai ser difícil, porque "o PS está há seis anos no Governo".
"Mas vamos ganhar", completou, numa intervenção em que também alertou o PS para a necessidade de ser reformista no Governo, aumentando o crescimento económico e tornando mais eficiente o Serviço Nacional de Saúde, entre outras áreas.
Na parte inicial do seu discurso, Francisco Assis lembrou que foi também no pavilhão Rosa Mota, em março de 1976, então chamado Palácio de Cristal, que o PS levou a cabo uma das iniciativas políticas mais importantes da sua história e que constitui um elemento da identidade do PS: "A Europa Connosco."
"Definimos o nosso compromisso com a Europa. Para nós, a Europa não é apenas a forma de substituirmos o malogrado império. É uma opção, uma vontade e um projeto. Conciliar a liberdade e a igualdade, direitos políticos, económicos e sociais", disse.
Depois, sem citar, criticou os partidos à esquerda do PS, declarando: "Não queremos dar lições a ninguém, mas não recebemos lições de ninguém sobre a nossa integração no espaço da esquerda".
"Nós fomos a esquerda que triunfou e que mudou a Europa. Somos herdeiros dessa esquerda da liberdade e da promoção da igualdade. Provámos que não estávamos condenados a escolher entre a jaula totalitária e a selva liberal", acrescentou.
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