A vice-presidente do grupo parlamentar do PS, Andreia Cardoso, escreveu ao líder da Assembleia Regional, Luís Garcia, na sequência de notícias sobre a necessidade de doentes deslocados na ilha do Faial, devido ao incêndio no hospital de Ponta Delgada, terem de abandonar as unidades hoteleiras onde estão hospedados, devido às cerimónias do Dia da Região (segunda-feira) e da sessão plenária do parlamento (entre terça e sexta-feira).
Os socialistas consideram tratar-se de uma situação "merecedora de atenção e cuidado".
"Não só porque estamos a falar de utentes que estão numa situação de fragilidade e a necessitarem de determinados cuidados mas, também, porque está relacionada com os acontecimentos que ocorreram no Hospital do Divino Espírito Santo (HDES) e que, convém tê-lo presente, justificaram uma declaração de calamidade pública regional, que ainda vigora", justifica Andreia Cardoso na missiva a que a agência Lusa teve acesso.
Na carta, a responsável transmite a "total disponibilidade" do grupo parlamentar do PS/Açores em ajudar a resolver o assunto e apresenta duas propostas.
A primeira está relacionada com a alteração da data de realização da sessão plenária deste mês, agendada para decorrer entre terça-feira e sexta-feira da próxima semana, "permitindo, assim, dar mais tempo para a resolução desta situação, seja pela obtenção de outro tipo de alojamento, seja pelo regresso [dos doentes] às suas casas, caso depois possam garantir-lhes os demais cuidados na ilha de São Miguel".
Depois, uma vez que as reservas de alojamento foram feitas e estão em nome da Assembleia Legislativa, o PS assume a disponibilidade de todos os seus deputados "para se alojarem noutras unidades hoteleiras na eventualidade e na medida em que isso possa garantir as melhores condições de conforto e comodidade aos doentes".
Na missiva, o PS/Açores reconhece que as cerimónias do Dia da Região e a sessão plenária "foram agendadas bem antes dos acontecimentos do dia 04 de maio", quando deflagrou o incêndio que deixou o HDES inoperacional.
"É certo que, todos os arranjos logísticos que estes dois eventos implicam, nomeadamente, a reserva de alojamento, em nome da Assembleia Legislativa da Região, foram feitos antes dos acontecimentos de 04 de maio e que quando foi necessário recorrer a essas unidades hoteleiras para acomodar esses doentes deslocados o Governo Regional já sabia, ou tinha condições de saber, desses constrangimentos", referem.
No entanto, acrescentam, "as pessoas têm de abandonar os locais onde estão alojadas até ao dia 19 [domingo], e o que é público quanto aos locais onde serão realojados tornam notórias as diferenças entre esses locais e as unidades hoteleiras onde estão".
Os utentes da ilha de São Miguel que se encontram no Faial a fazer hemodiálise vão ser realojados por falta de disponibilidade dos hotéis onde foram inicialmente acolhidos, explicou hoje a secretária regional da Saúde.
"Quando os hotéis foram contactados para receber estes utentes não houve qualquer tipo de hesitação. Contudo, atendendo às festividades da próxima semana, não há disponibilidade dos hotéis, que já tinham compromissos assumidos e, claro, que a nossa preocupação foi continuar a acautelar uma resposta social de alojamento, alimentação e pagamento de diárias a estes utentes, de forma digna", afirmou, em declarações à Lusa, Mónica Seidi.
Em causa estão 31 utentes, que foram transferidos para a ilha do Faial para continuar os tratamentos de hemodiálise.
Parte dos doentes ficará alojada no centro de estágios do Serviço de Desporto do Faial e os restantes "serão distribuídos por uma residencial, uma hospedaria e apartamentos que são designados por apartamentos militares".
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