"O Presidente da República tem efetivamente um regime próprio, tem um regime de privilégio que faz sentido no caso das funções que exerce, mas o que eu espero, apesar da interpretação do regime jurídico das comissões de inquérito não ser muito claro, é que o senhor Presidente da República não se refugie no regime e dê o testemunho do que é importante que se saiba", desafiou o presidente do Chega.
O líder do partido quer que Marcelo Rebelo de Sousa esclareça "quando é que soube deste caso das gémeas, se o filho lhe falou disso ou não e que ações lhe pediu para tomar, quem é que contactou o Ministério da Saúde para que fosse marcada uma consulta e quem é que permitiu que toda a situação passasse no Infarmed e no registo de nacionalidade à frente dos outros".
André Ventura falava aos jornalistas antes de uma arruada em Beja, na qual não participou o cabeça de lista, António Tânger Corrêa. O líder do Chega justificou esta ausência com "um imprevisto" e recusou falar mais sobre o assunto.
O presidente do Chega comentou também que apenas o seu partido, IL e BE tenham proposto chamar Marcelo à comissão de inquérito, considerando que "o Presidente da República, estando potencialmente envolvido, não o querer ouvir é apenas um sinal de fraqueza que PS e PSD têm, ou de medo do Presidente da República".
"Isto mostra bem como os partidos do sistema estão ancorados ao sistema e incapazes de sair dele", afirmou, garantindo que o Chega "não tem medo de nenhuma personalidade nem de nenhum protagonista".
André Ventura disse também que "num país que não tem medo, nem vacas sagradas, nem tem medo de combater todo o tipo de crimes de interferência, abuso e corrupção, seja o Presidente da República, seja o funcionário mais baixo do hospital, todos têm de responder perante a justiça".
O presidente do Chega indicou que irá "forçar rapidamente" a audição do antigo secretário de Estado António Lacerda Sales "para que a verdade possa ser conhecida e não andemos a fabricar uma verdade em que uma secretária sozinha decidiu marcar uma consulta".
Quanto à antiga ministra da Saúde Marta Temido, audição pedida pelo Chega e por vários outros partidos, Ventura assinalou que a socialista é também cabeça de lista do PS às eleições europeias e disse querer "evitar que esta comissão de inquérito fosse de politiquice porque toca num ponto muito importante, que é os portugueses que pagam o sistema nacional de saúde estarem a ser roubados para desviar recursos para outros sítios ou para outras pessoas ou outros países".
"Queríamos evitar que isto se torne numa competição política, isto é para apurar a verdade. Quer o Presidente da República, quer Lacerda Sales, quer o filho do Presidente da República, quer o conselho de administração do hospital à altura, quer os médicos envolvidos têm um dever perante o país que é o seu e lhes paga aos salários e as condições que tem de exercer as suas funções", defendeu.
E garantiu que o Chega levará "este trabalho muito a sério até que toda a verdade seja conhecida, doa ela a quem doer".
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