"Coloco sempre o interesse de Vendas Novas acima de eventuais interesses partidários e pessoais e isso pode ter chocado, eventualmente, com aquilo que era a expectativa de alguns", criticou o autarca, em declarações à agência Lusa.
Valentino Salgado Cunha foi preterido pela concelhia do PS, que aprovou, na segunda-feira, a proposta para indigitar como candidata Paula Rocharte Valentim, presidente desta estrutura partidária e também da Junta de Freguesia de Vendas Novas.
Contactado pela Lusa, o presidente da Federação Distrital de Évora do PS, Luís Dias, disse compreender "o sentimento de frustração" do presidente do município, mas salientou que "estas decisões têm que ser tomadas com base em vários fatores".
"Foi considerado, ouvindo a comunidade, que Paula Rocharte Valentim reunia um conjunto de características individuais que faria dela a melhor candidata", pelo que o seu nome foi colocado a votação na estrutura local do partido, argumentou.
Assinalando que o nome de Paula Rocharte Valentim "foi o único em cima da mesa" nessa votação, Luís Dias frisou que a escolha "foi unânime", ou seja, "todos os elementos que compõem a Comissão Política do PS em Vendas Novas concordaram".
"O Valentino tem um conjunto de capacidades que faria dele também um bom candidato, mas a questão foi colocada aos órgãos do partido, que foram soberanos, e a federação respeitará essa decisão", realçou.
Luís Dias considerou que, quando em política não se ganha, "é preciso saber responder com espírito democrático", destacando a confiança da federação distrital e da Concelhia de Vendas Novas do PS em Valentino Salgado Cunha para o que resta do mandato.
Nas declarações à Lusa, o presidente do município argumentou que, com esta decisão, o PS mostra que não confia no trabalho que a atual equipa socialista está a desenvolver na autarquia.
"Estamos a trabalhar há um ano, temos mais nove meses pela frente e tiram-nos assim o tapete, o que acaba por ser um bocado desmotivante, mas, com dedicação à cidade e ao concelho, não vamos abaixo, mas o sentimento não pode ser outro", referiu.
Valentino Salgado Cunha, que era vice-presidente do município, assumiu a presidência depois de o anterior presidente, Luís Dias, ter renunciado ao cargo no dia a seguir às eleições legislativas de 10 de março de 2024, nas quais foi eleito deputado pelo PS.
Perante a escolha do partido para as próximas eleições, o atual autarca queixou-se de falta de apoio das estruturas locais do PS e admitiu que pode ter sido preterido por ter "opinião própria" e assumir "uma postura de corrigir algumas coisas que foram feitas no passado", mas não especificou quais.
"As decisões têm as suas consequências e, tendo sido desconsiderado pelo partido desta maneira, vou à minha vida e façam as listas com as pessoas que aceitarem, pois não estou disponível para fazer só a figura de corpo presente", declarou.
Questionado sobre a possibilidade de liderar um movimento independente, o autarca revelou já ter sido desafiado e, sem fechar a porta a uma candidatura, frisou que "o foco principal é cumprir o atual mandato até ao fim".
"No futuro, certamente, posso vir a ter outras oportunidades de participar de forma tão ativa como agora", acrescentou.
O atual executivo municipal de Vendas Novas é composto por dois eleitos do PS, outros dois do PSD e um da CDU.
As eleições autárquicas deverão decorrer entre setembro e outubro deste ano.
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