"O que vamos assistindo é todos os dias se anunciam candidaturas, todos os dias se retiram candidaturas. O quadro está por clarificar ainda, não consigo, sinceramente, perceber esta urgência das presidenciais", disse o secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Paulo Raimundo, aos jornalistas, no final de um comício hoje à tarde nos bombeiros voluntários de Sacavém, onde lançou a candidatura autárquica a Loures de Gonçalo Caroço.
Raimundo sublinhou que antes das presidenciais há eleições na Madeira e autárquicas e que a prioridade é resolver "a vida das pessoas" em matérias como saúde, educação e habitação.
"Nós não vamos prescindir da intervenção na batalha das presidenciais, nunca o fizemos, já estivemos de várias formas muito diferentes nessa batalha. No tempo certo falaremos disso sem nenhuma ansiedade. Estamos muito tranquilos, não será por falta de resposta do PCP que não há uma solução democrática para a Presidência da República", disse.
Questionado sobre se uma dispersão de candidaturas à esquerda pode comprometer a presença de um candidato da esquerda numa segunda volta das presidenciais, face às mais recentes sondagens, Paulo Raimundo considerou haver maior dispersão à direita, mas num quadro que ainda não está fechado e que mudará nos próximos meses.
Sobre autárquicas, manifestou o empenho em "308 batalhas eleitorais" e o objetivo de manter as câmaras que a CDU ainda lidera, mas também reconquistas nas autarquias perdidas, desde logo a de Loures, cujo atual executivo socialista foi alvo de diversas críticas no comício de hoje, não só do secretário-geral comunista, mas também do candidato Gonçalo Caroço, que apontou falhas na educação, saúde, habitação e gestão de serviços municipalizados, nomeadamente da água, que acusam o PS de querer privatizar.
Perante uma sala cheia, no pavilhão dos bombeiros voluntários de Sacavém, Raimundo insistiu nas críticas à política do Governo, reiterando que o grupo de trabalho criado para estudar a sustentabilidade da Segurança Social e as suas conclusões, que "já estão mais que tiradas, visam o assalto aos fundos" das contribuições dos trabalhadores.
"E até parece, caros amigos e camaradas, que este Governo do PSD-CDS-PP não aprendeu nada com o anterior Governo do PSD-CDS-PP. Quando o anterior Governo tentou mexer na Taxa Social Única (TSU) cavou aí a sua derrota eleitoral e nesse dia cavou a sua derrota social. Experimentem, experimentem, que aqui estarão os comunistas, os trabalhadores, os democratas, os ecologistas, na defesa da Segurança Social pública, universal e para todos", afirmou Paulo Raimundo.
O secretário-geral comunista acusou o executivo de fazer de "tudo uma oportunidade de negócio", apontando o exemplo da gestão aeroportuária e dos contratos com a Vinci, "o verdadeiro assalto e saque em curso aos aeroportos".
Raimundo acusou o executivo de ser o "Governo da Vinci" e de fingir posições duras nas negociações "numa estratégia que é sempre a mesma: falar grosso para a comunicação social e piar fininho na mesa das negociações encenadas".
"É um Governo que enche a boca com insegurança, mas que é em si mesmo, ele próprio, a sua política e as suas opções, o grande foco de precariedade, o grande foco de instabilidade das vidas e o grande foco de insegurança", acrescentou Paulo Raimundo, dizendo ainda que o Governo "está a ajoelhar o país aos interesses das multinacionais".
[Notícia atualizada às 19h32]
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