"O ADN pretende eleger de preferência um grupo parlamentar de maneira a que possamos, na Assembleia [Legislativa da Madeira], lutar por aquilo que não foi feito nas últimas duas legislaturas que foram incompletas", declarou o também cabeça de lista aos jornalistas, depois de entregar a lista de candidatos às regionais de 23 de março no Tribunal Judicial do Funchal.
Miguel Pita adiantou que o ADN também pretende "lutar por aquilo que os partidos prometeram e acabaram por não cumprir", exemplificando com os problemas nos setores da saúde e habitação.
Na área da saúde, o candidato apontou como principais problemas na área da saúde as listas de espera, que "continuam lá, agora com a agravante de faltar medicamentos", nomeadamente para os doentes oncológicos.
"No caso da habitação continuamos a não ter habitação para os residentes e também os jovens muitas vezes têm dificuldades em ter rendas acessíveis", acrescentou, apontando igualmente os problemas sentidos no setor primário, que "está a ser negligenciado", e defendendo que a agricultura, pecuária e pesca devem ser impulsionadas "para fazer também frente ao turismo e construção civil na economia regional".
Miguel Pita indicou ainda que a segurança é outra das preocupações do partido, considerando que "o controlo da imigração que não está a ser feito como devia".
"Temos duas fronteiras, o porto e o aeroporto e acho que devíamos ter esse cuidado porque está a sobrecarregar os nossos serviços públicos, nomeadamente o Serviço Regional de Saúde, e é preciso saber quem está entrando e com que propósito estão cá", sublinhou.
Além da valorização dos professores, o candidato também destacou a necessidade de um "reforço da autonomia".
"Ultimamente temos observado interferências a nível nacional na nossa politica regional, inclusive nesta da queda do Governo [Regional], fatores que vêm todos do continente e isso é uma ameaça à nossa autonomia", argumentou.
Miguel Pita, João Abreu, Otília de Sousa, Carolina Martins e António Pita são os primeiros cinco candidatos da lista do ADN.
Nas últimas eleições regionais, em 26 de maio de 2024, o ADN obteve 772 votos (0,58%) e foi um dos sete partidos que não conseguiu eleger qualquer deputado, tal como a CDU (coligação PCP/PEV), BE, PTP, Livre, MPT e RIR.
Em 17 de dezembro, o Governo minoritário do PSD saído das eleições de maio foi derrubado com a aprovação de uma moção de censura apresentada pelo Chega, que a justificou com as diferentes investigações judiciais envolvendo o chefe do executivo, Miguel Albuquerque, e quatro secretários regionais, todos constituídos arguidos. Entretanto, o inquérito de um deles -- Eduardo Jesus, secretário de Economia, Turismo e Cultura - foi arquivado pelo Ministério Público.
A aprovação da moção de censura, inédita no arquipélago, implicou a demissão do Governo Regional, constituído em 06 de junho de 2024, que permanecerá em funções até à posse do novo executivo.
Face a esta situação política, e depois de convocar o Conselho de Estado, em 17 de janeiro, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, dissolveu o parlamento madeirense e convocou eleições regionais antecipadas para 23 de março -- o terceiro sufrágio em cerca de um ano e meio.
O parlamento da Madeira é constituído por 47 deputados, sendo atualmente 19 do PSD, 11 do PS, nove do JPP, quatro do Chega, dois do CDS-PP (partido que assinou um acordo de incidência parlamentar com os sociais-democratas), um da IL e um do PAN.
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