"Estamos aqui para falar de política", disse Álvaro Beleza aos jornalistas à entrada do XX Congresso do PS, que decorre hoje e domingo, em Lisboa.
"Estamos aqui para falar de um novo futuro, Portugal precisa é de um novo futuro, precisamos de um PS capaz de devolver esperança e confiança aos portugueses", declarou.
Perante a insistência dos jornalistas, que colocavam questões acerca do possível impacto da detenção de José Sócrates, Álvaro Beleza ia repetindo que os socialistas se encontram reunidos em Congresso para "falar de política".
O secretário nacional cessante enfatizou as "duas grandes vitórias" recentes do PS, que considerou serem a realização de primárias, que António Costa ganhou de forma "clara", e o facto de o partido ter chegado ao Congresso "unido na diversidade das suas várias sensibilidades".
Álvaro Beleza afirmou que "o PS nas horas difíceis está unido" e disse que o partido "é um pilar do Estado de Direito".
"Não pessoalizamos as questões políticas, estamos a falar para o país e para os portugueses", declarou quando questionado sobre a separação entre negócios e política defendida pelo anterior secretário-geral António José Seguro.
À entrada para o Congresso, Fernando Medina, o 'número dois' do atual secretário-geral do PS enquanto presidente da Câmara de Lisboa, considerou que a detenção de Sócrates não ditou "nenhuma mudança" porque "Portugal necessita de uma alternativa política".
"António Costa é hoje um político de referência no nosso país, acabou há muito pouco tempo de ser legitimado por largas centenas de milhares de militantes e simpatizantes, que confiam em António Costa e no PS para a construção dessa alternativa, exigem essa alternativa programática, das ideias, também da constituição e da mobilização das equipas", disse.
"Aquilo que se pede ao PS é concentração no fundamental", disse, referindo-se a essa "alternativa política".
O secretário nacional cessante Eurico Brilhante Dias disse à entrada esperar que a justiça e José Sócrates "possam sair bem deste processo", mas insistiu que hoje o partido deve concentrar-se na sua "tarefa fundamental" que é, "servir os portugueses, com um bom programa, um bom projeto político e uma boa equipa".
Questionado sobre se deseja integrar os órgãos do partido, Brilhante Dias disse que servirá o PS "em qualquer condição".
O eurodeputado socialista Carlos Zorrinho, que foi secretário de Estado de Sócrates e líder parlamentar de Seguro, recusou determinantemente falar sobre a detenção do ex-primeiro.
"Isso não se encontra na ordem de trabalhos", declarou, acrescentando que "quem quer respeitar o antigo líder do PS deve respeitar a sua vontade, ele quer o processo judicial separado da vida do PS".
O secretário nacional cessante João Proença disse esperar um "Congresso tranquilo", no final de um período de cerca de seis meses do processo das primárias.
"É evidente que fatores externos poderão contaminar mas espero que socialistas tenham presente que o mais importante é derrotar o Governo", afirmou.
Perante a insistência das perguntas dos jornalistas acerca de um possível impacto eleitoral no PS da situação de José Sócrates, Proença respondeu: "A memória política costuma ser de três meses, infelizmente as eleições são daqui a um ano".
À entrada para o Congresso, também o antigo ministro socialista Alberto Costa recusou uma contaminação entre questões políticas e judiciais.
"Há um tempo para cada coisa, quando falamos de um processo judicial é preciso atender ao tempo próprio da aplicação dos princípios de Estado de Direito, para não fazer juízos injustos ou, pelo menos e sempre, juízos fora do tempo", declarou.