As declarações do primeiro-ministro israelita surgiram durante uma nova audiência no Tribunal Distrital de Jerusalém, durante a qual afirmou não ter tempo para estar com a família, lamentando não poder ser um "ouvido atento" para a sua esposa, Sara, devido à sua uma agenda preenchida como primeiro-ministro, dada a situação no país.
"Senhoras e senhores, gostaria de poder ouvir a minha mulher. Infelizmente, tendo em conta a nossa vida e o meu trabalho, isso não é possível. Encontramo-nos ao fim da tarde, durante alguns minutos, e só falamos sobre os filhos e a família", disse, referindo-se às acusações de que, em conjunto com os membros da sua família e outros intermediários, teria exercido pressão sobre o popular portal de notícias Walla.
Netanyahu assegurou que "não há possibilidade" de falar sobre os acontecimentos diários com os membros da sua família e sublinhou que não interferiu nas alegadas mensagens enviadas pela sua esposa a Zeev Rubinstein, um amigo de família, para pressionar o diretor do Walla, Ilan Yeshua, a modificar as notícias com informações mais favoráveis sobre o primeiro-ministro.
"Não tive tempo nem o telefone certo para o fazer", disse, antes de esclarecer que a iniciativa poderia ter partido do próprio Rubinstein para "agradar" à sua esposa, Sara.
"Não tive nada a ver com isto porque estava muito, muito ocupado", acrescentou, segundo o The Times of Israel.
O primeiro-ministro está a responder por três casos de fraude, suborno e abuso de confiança por alegadamente receber presentes em troca de favores e por exercer pressão para conseguir uma imagem positiva da sua gestão nos meios de comunicação social.
Desde o início, Netanyahu negou os factos e recebeu o apoio dos seus apoiantes, que afirmam que se trata de uma operação da "esquerda judicial" para o retirar do poder por meios legais, depois de não o terem conseguido nas urnas.
O julgamento começou em 2020 e levou mais de 300 pessoas a depor, deixando a declaração de Netanyahu para novembro do ano passado, quando os ataques do Hamas de 07 de outubro, e a guerra em Gaza que se seguiu, deram lugar a um hiato judicial de dois meses.
Um dos casos remonta a 2000, quando terá tentado estabelecer um acordo com o diário "Yedioth Aharonot" para publicar positivamente sobre a sua administração em troca da aprovação de legislação que prejudicaria o seu principal concorrente, o diário "Israel Hayom".
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