Chen Jinping, de 60 anos, declarou-se culpado de uma única acusação de conspiração para atuar como agente de um governo estrangeiro, no tribunal federal de Brooklyn.
Matthew Olsen, procurador-geral adjunto do Departamento de Justiça dos EUA, disse que Chen admitiu em tribunal o seu papel no "estabelecimento audacioso de uma esquadra de polícia não declarada" em Manhattan.
O suspeito também admitiu que tentou ocultar a esquadra secreta quando abordado pelo FBI (polícia federal norte-americana).
"Esta esquadra de polícia ilegal não foi aberta no interesse da segurança pública, mas para promover os objetivos nefastos e repressivos da RPC [Republica Popular da China], em violação direta da soberania americana", destacou ainda o procurador, em comunicado citado pela agência Associated Press (AP).
Os procuradores dizem que Chen e um co-réu, Lu Jianwang, abriram e operaram uma filial local do Ministério da Segurança Pública da China no bairro de Chinatown, em Manhattan, a partir do início de 2022.
O gabinete, que ocupava um andar inteiro do edifício, prestava serviços básicos, como ajudar cidadãos chineses a renovarem as suas cartas de condução chinesas, mas também identificava ativistas pró-democracia que viviam nos EUA, segundo autoridades federais.
A operação clandestina da polícia chinesa foi encerrada no outono de 2022, no âmbito de uma investigação do FBI.
Mas, num aparente esforço para obstruir a investigação federal, Chen e Lu apagaram dos seus telefones as comunicações com um funcionário do governo chinês a quem reportavam, destacaram os procuradores.
Pensa-se que a China opera postos policiais secretos na América do Norte, na Europa e noutros locais onde existem comunidades chinesas.
O país, no entanto, negou que sejam esquadras de polícia, afirmando que existem sobretudo para prestar serviços aos cidadãos, como a renovação das cartas de condução.
A detenção de Chen e Lu em abril de 2023 fez parte de uma série de processos judiciais do Departamento de Justiça destinados a reprimir a "repressão transnacional", em que governos estrangeiros como a China trabalham para identificar, intimidar e silenciar dissidentes nos EUA.
Chen pode enfrentar até cinco anos de prisão quando for condenado em 30 de maio.
Lu, que regressará ao tribunal em fevereiro, tinha uma relação de longa data com as autoridades chinesas responsáveis pela aplicação da lei, segundo os procuradores.
Ao longo dos anos, este residente do Bronx, também conhecido por Harry Lu, ajudou a assediar e a ameaçar um fugitivo chinês que vivia nos EUA e também trabalhou para localizar um ativista pró-democracia na Califórnia em nome do Governo da China.
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