Deverá ser conhecido, esta manhã, o veredito dos mais de 50 homens que abusaram sexualmente de Gisèle Pelicot, num caso que chocou o mundo.
A mulher, que durante anos foi abusada com o consentimento do marido, enquanto estava inconsciente, chegou já ao tribunal - onde, pela frente, encontrou força e apoio, com cartazes que apelam à prisão dos culpados e onde, sobretudo, se enaltece a coragem da mulher que deu a cara por milhares de vítimas de abuso sexual em todo o mundo.
A expetativa em torno deste veredito é elevada, uma vez que o caso correu o mundo e voltou a trazer à discussão o sentimento de impunidade em torno das agressões sexuais a mulheres.
Sublinhe-se que o Ministério Público francês defendeu que não existe "violação involuntária" neste caso, esperando que o veredito traga uma mensagem de esperança às vítimas de crimes sexuais.
Após meses de testemunhos e provas apresentadas em tribunal, os homens deverão ser condenados e, se forem considerados culpados, enfrentam coletivamente uma pena de mais de 600 anos de prisão.
Recorde-se que durante anos, Dominique Pelicot, o seu marido, convidou homens através da internet para entrarem em sua casa e violarem a mulher, que era drogada antes dos abusos para que não se desse conta do sucedido. O caso só se tornou conhecido depois de um segurança ter apanhado o homem a filmar jovens num centro comercial e o ter denunciado. A polícia confiscou o seu telemóvel e deparou-se com centenas de imagens e vídeos, incluindo os das agressões a Gisèle, a sua própria mulher.
"Merci, Gisèle", lê-se num cartaz gigante junto ao tribunal de Avignon onde decorre o julgamento do caso, e ainda frases como "Natal na prisão, Páscoa no cárcere" ou "Fim dos abusos contra as mulheres".
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