"A nossa principal necessidade agora é o abrigo para as pessoas que perderam as suas casas. Precisamos de material de cobertura", avançou à Lusa Isabel Cavo, delegada do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD) na província do Niassa, no norte de Moçambique.
Além de provocar a morte de pelo menos três pessoas, o mau tempo, que surpreendeu as comunidades pela madrugada no distrito de Lago, devastou mais de 370 casas no posto administrativo de Metangula, afetando mais de 1.500 pessoas, além de destruir várias infraestruturas públicas, entre escolas e edifícios da administração local.
"Na quarta-feira, fizemos visitas a alguns bairros e há famílias que já estão a tentar reconstruir as suas casas. Mas há aquelas que não estão a conseguir por vários motivos e essas é que vão ser apoiadas", explicou.
O posto administrativo de Metangula está localizado nas margens do lago Niassa, entre os maiores do continente africano, situado no Vale do Rift e que é partilhado, além de Moçambique, pelo Maláui e pela Tanzânia.
Moçambique é considerado um dos países do mundo mais severamente afetados pelas alterações climáticas, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.
O mau tempo no distrito do Lago chegou num altura que as autoridades procuram ultrapassar os impactos da passagem do ciclone tropical intenso Chido, de escala 3 (1 a 5), um fenómeno que atingiu a zona costeira daquela região na madrugada de dia 14 de dezembro, enfraquecendo depois para tempestade tropical severa, continuando, nos dias seguintes, a fustigar as províncias a norte com "chuvas muito fortes acima de 250 mm [milímetros]/24 horas", segundo o Centro Nacional Operativo de Emergência (CNOE).
Dados atualizados recentemente pelas autoridades moçambicanas adiantam que pelo menos 120 pessoas morreram e outras 868 ficaram feridas durante a passagem do ciclone Chido no norte e centro de Moçambique.
O Chido afetou ainda 687.630 pessoas, o correspondente a 138.037 famílias, nas províncias de Cabo Delgado, Niassa e Nampula, no norte, e Tete e Sofala, no centro, segundo o último balanço do INGD.
Do total de óbitos confirmados, 110 registaram-se em Cabo Delgado, sete em Nampula e três em Niassa.
O Governo moçambicano decretou dois dias de luto nacional na sequência da passagem do ciclone.
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