As autoridades de Nova Orleães, no estado norte-americano do Luisiana, têm garantido que "tinham tudo" ativado para proteger as pessoas no local onde, na madrugada do Ano Novo, um homem atropelou e tirou a vida a, para já, 14 pessoas.
As últimas 48 horas têm sido de investigação intensa, com mais de mil agentes a supervisionarem imagens de videovigilância.
O FBI esclareceu na quinta-feira de que não havia dúvidas de que este era "um ataque terrorista" e que tudo indicava que, até ao momento, só havia provas que apontavam para que o suspeito, Shamsud-Din Jabbar, tenha agido sozinho. Ainda assim, os agentes federais estão "atrás" de outras pistas que podem levar a outras pessoas, incluindo noutros estados.
Mas como conseguiu o suspeito "contornar" as barreiras?
De acordo com o que escreve a CNN Internacional, as autoridades colocaram diferentes tipos de barreiras para impedir que os veículos passassem para a zona em que mais tarde decorreu o ataque - mas estes provaram-se ineficazes, já que para além das vítimas mortais houve dezenas de feridos.
"Este terrorista em particular conduziu até ao passeio e contornou o alvo", explicou a superintendente da polícia de Nova Orleães, Anne Kirkpatrick, numa conferência de imprensa dada nas primeiras horas.
"Tínhamos um carro ali, tínhamos barreiras, tínhamos agentes", afirmou a responsável, acrescentando que mesmo com toda essa 'proteção' o suspeito, que acabou por morrer atingido pela polícia, conseguiu "ir à volta".
"Nós tínhamos, de facto, um plano", garantiu Kirkpatrick, apontando que "o terrorista o gorou".
As barricadas em causa, que podem estar levantadas ou em baixo consoante o tráfego. De acordo com os testemunhos que a CNN Internacional - e publicações afiliadas - recolheram, essas estruturas não estavam para cima - por forma a impedir a passagem do carro - no momento do ataque.
"As barricadas não estavam montadas, ponto final", disse Jimmy Cothran, um motorista que foi contratado nesse dia de festa. "Tinham umas laranjas frágeis que se podia empurrar com o dedo. Na verdade, achámos que era um pouco estranho", explicou.
Já um turista vindo de Los Angeles, na Califórnia, corroborou a ideia de que as estruturas não estavam montadas, explicando que só viu "as de plástico", mais frágeis. Jose Lieras acrescentou que havia muita polícia no local, mas que os carros podiam mesmo passar em várias ruas.
"Acho que não deviam deixar passar nenhum veículo. [A rua] devia estar sempre bloqueada durante a noite, porque uma coisas destas pode acontecer", afirmou.
Perigo de terrorismo, tiroteios ou atropelamentos? Já era "provável" em 2019
Para além das barricadas, haveria também a possibilidade de colocar postes de amarração, que podem também ser removidos conforme necessidade. Um membro do Conselho Municipal da cidade, Jean-Paul Morrell, explicou, na quarta-feira, que essas estruturas estão em reparação.
Um relatório elaborado por uma construtora - e que já data de 2019 - "recomendava vivamente" que a mobilização dos postes fosse corrigida e melhorada "imediatamente". O mesmo documento dava conta de que o risco de terrorismo no French Quarter, onde aconteceu a tragédia, continuava a ser "altamente possível e moderadamente provável", especificamente no que diz respeito a tiroteios em massa e ataques com veículos.
"O atual sistema de pilaretes na Bourbon Street não parece funcionar", lia-se no relatório.
Uma fonte próxima deste estudo explicou à CNN que Nova Orleães possui outros tipos de barreiras temporárias que poderiam ter bloqueado eficazmente o acesso à Bourbon Street, mas optou por não usá-las no dia do ataque.
À CNN, o mesmo membro do conselho da cidade citado acima, Jean-Paul Morrell, explicou, já na quarta-feira, que mesmo que os postes de amarração estivessem para cima, isso não teria impedido o suspeito de entrar, dado que contornou o local, pelo passeio.
Leia Também: Lusodescendente de 25 anos é umas das vítimas de ataque em Nova Orleães