"Sem jornalismo independente, os potenciais abusos e violações dos direitos humanos podem permanecer ocultos, criando um ambiente em que a impunidade triunfa", afirmaram os peritos, incluindo a relatora da ONU para os Territórios Palestinianos, Francesca Albanese, numa declaração conjunta.
"[O encerramento da Al-Jazeera], um dos principais meios de comunicação social da região, é uma restrição desproporcionada, desnecessária e severa à liberdade de expressão e obstrui o direito à informação do povo palestiniano e do público regional e mundial", acrescentaram.
A suspensão das atividades da Al-Jazeera na Cisjordânia foi ordenada a 01 de janeiro pelo procurador-geral do território e, quatro dias depois, as autoridades encerraram, por quatro meses, várias páginas 'online' associadas ao canal.
As decisões foram tomadas depois de o meio de comunicação social, com sede no Qatar, ter noticiado a violenta repressão das forças de segurança palestinianas no campo de refugiados de Jenin e noutras zonas da Cisjordânia, em que foram mortos pelo menos oito palestinianos, incluindo uma jornalista.
Segundo os peritos da ONU, isto mostra que "o verdadeiro objetivo da Autoridade Palestiniana é bloquear o escrutínio internacional e silenciar o jornalismo 'incómodo'".
Nesse sentido, recordaram ainda que, com esta medida, a Autoridade Palestiniana está a seguir o mesmo caminho de Israel, que, em 2024, também proibiu as atividades da Al-Jazeera e vetou o seu acesso à Faixa de Gaza.
A par de Francesca Albanese, o comunicado é também assinado pela relatora da ONU para a liberdade de expressão, Irene Khan, pelo perito independente para a promoção de uma ordem internacional democrática e igualitária, George Katrougalos, e pela relatora para a liberdade de reunião e de associação, Gina Romero.
Os peritos da ONU são indivíduos independentes e não falam em nome das Nações Unidas, mas estão mandatados para comunicar as suas conclusões publicamente.
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