"Este novo ciclo político marca o início de uma nova era na defesa europeia", disse a líder do executivo comunitário numa conferência de imprensa na cidade polaca de Gdansk, onde o colégio de comissários da Comissão Europeia se encontra desde quinta-feira e até hoje para a habitual viagem da presidência rotativa do Conselho, desta vez ocupada pela Polónia.
Em declarações junto ao primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, e quando a presidência semestral polaca se centra na questão da segurança, Ursula von der Leyen apontou, nestes quase três anos de guerra na Ucrânia na sequência da invasão russa, que a UE acelerou a sua produção militar.
Mas, frisou, "isso não é suficiente", e exortou os 27 a "fazerem mais, mais do que nunca, gastar mais, gastar melhor e gastar em conjunto" em defesa.
"Porque a Europa precisa de um aumento da defesa. A guerra moderna exige escala, tecnologia e coordenação - demasiado grande para que qualquer um dos nossos Estados-membros a possa gerir sozinho", sublinhou.
Ursula von der Leyen admitiu serem necessários mais fundos na UE, tanto públicos como privados, bem como "maior cooperação para melhorar a interoperabilidade e reduzir os custos e legislação mais simples como em matéria de contratos públicos e mais inovação".
A política alemã defendeu o "aumento do financiamento comum", recordando ainda estar aberta a explorar a possibilidade de "dar mais espaço aos orçamentos nacionais" para este efeito, estudando agora um alívio dos apertados tetos das regras orçamentais comunitárias para despesas com defesa.
Reunidos informalmente na segunda-feira em Bruxelas, os líderes da União Europeia pediram à Comissão Europeia para analisar como aliviar as apertadas regras orçamentais para permitir investimentos em defesa, pedido que será estudado devido aos atuais "tempos extraordinários", disse Ursula von der Leyen nesse dia.
Na segunda-feira decorreu na capital belga o primeiro retiro de líderes da UE, iniciativa criada pelo presidente do Conselho Europeu, António Costa, para debates mais informais entre os chefes de Governo e de Estado europeus. O primeiro encontro foi focado na área da segurança e defesa.
Para meados de fevereiro, está prevista a apresentação do programa de trabalho da Comissão Europeia para 2025, bem como uma comunicação da instituição sobre o caminho a seguir para o próximo Quadro Financeiro Plurianual, enquanto em meados de março será publicado um Livro Branco sobre o Futuro da Defesa Europeia.
Cálculos da Comissão Europeia divulgados em junho passado revelam que são necessários investimentos adicionais na defesa de cerca de 500 mil milhões de euros durante a próxima década.
A Polónia, país vizinho da Ucrânia, assume desde 01 de janeiro passado e até 30 de junho próximo a presidência rotativa do Conselho da União Europeia, com atenções focadas na segurança do bloco comunitário, numa altura de incertezas e de desafios geopolíticos causados por conflitos.
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