Refugiados? Luso-alemão da AfD diz que país "está a perder o controlo"

O luso-alemão Paulo Pinto, vereador da Alternativa para a Alemanha (AfD, extrema-direita) em Euskirchen, acredita que o país "está a perder o controlo", defendendo a expulsão de centenas de milhares de refugiados sem estatuto, que distingue dos restantes migrantes.

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© Sean Gallup/Getty Images

Lusa
15/02/2025 08:52 ‧ há 8 horas por Lusa

Mundo

Alemanha/Eleições

Em entrevista à agência Lusa em Euskirchen, estado da Renânia do Norte-Vestfália (oeste da Alemanha), Paulo Pinto, 50 anos, filho de imigrantes portugueses e nascido na Alemanha, rejeita as acusações de racismo contra o partido, que está em segundo lugar nas sondagens para as eleições legislativas do próximo dia 23.

 

"Eu não sou, nunca fui nem nunca serei racista, e a AfD também não", disse.

Questionado sobre o controverso termo "remigração", a que a co-líder e candidata a chanceler da AfD, Alice Weidel se referiu recentemente, Paulo Pinto afirmou: "Não é contra os estrangeiros, não é contra os migrantes, nem sequer é contra os refugiados".

Para o autarca, os refugiados com esse estatuto, confirmado pelas autoridades alemãs, têm o direito a ficar no país.

Mas, segundo Paulo Pinto, há "entre 400 mil a 600 mil" que "não têm o direito de ter o estatuto de refugiado".

"Não há perspetivas (...) e essa gente tem de ir para casa. Isso é que é remigração, não é [sobre] os estrangeiros todos. O termo é mal explicado", comentou.

No seu entender, a Alemanha "tem refugiados a mais, que não têm o direito de estar aqui", mas em muitos casos os processos de repatriação arrastam-se na justiça e ficam "um, dois, três, quatro anos, e quem paga isso?".

"E, não quero dizer que são todos iguais, depois vêm crimes em geral dessa gente que tem de sair do país, e é claro que o povo fica com receio, mas não é só o povo alemão, também os imigrantes. Recebem casa, tudo pago, e não se sabem comportar ou não se querem integrar (...) e enquanto estão à espera, (...) podem entrar em organizações extremistas", disse.

"E aí nós estamos a perder o controlo. A Alemanha está a perder o controlo", considerou.

O tema da imigração está a dominar a campanha para estas eleições federais, depois de, em janeiro, um refugiado afegão ter matado uma criança de 2 anos e um adulto, e de na quinta-feira um outro refugiado afegão ter causado pelo menos 36 feridos, ao atropelar uma multidão em Munique, no sul da Alemanha, num ataque que, segundo as autoridades, teve "orientação islâmica".

Paulo Pinto insiste que há uma distinção entre migrantes e refugiados.

"Migração é migração e refugiados é um assunto próprio, em que devia haver um contrato de integração", referiu.

"E eu, que sou filho de imigrantes, sei o que é integração", disse.

Instado a explicar o que significa, para si, integração, respondeu: "Respeito, querer participar numa comunidade, com trabalho, com orientação, com festa, ir jogar futebol num clube. Chama-se a isso integrar-se na sociedade".

Questionado sobre a posição da AfD em relação aos chamados migrantes económicos, que procuram na Alemanha melhores condições de vida, mas que não são oriundos de zonas de conflito, Paulo Pinto defendeu "tem de haver um controlo".

"Todos os países têm o direito de estabelecer regras. Primeiro temos que ver que as nossas crianças, que saem da escola, tenham a perspetiva de encontrarem trabalho. (...) Não podemos tirar as perspetivas de futuro do povo interno, quer seja migrantes, filhos de imigrantes, sejam filhos de alemães, seja o que for", referiu.

"Depois, se houver necessidade de mais migrantes, com certeza, é como antigamente fizeram, precisavam do português, do espanhol, do turco, dos árabes", acrescentou.

O autarca alerta ainda para a crise na Alemanha, a maior economia da Europa, em recessão há dois anos.

"Há o problema económico, a burocracia, os preços a aumentar, a inflação a aumentar. Quem é que paga isto tudo? Não há neste mundo um sistema social como o nosso. É por isso que toda a gente quer vir para a Alemanha. E isso não pode ser, tem que haver um controlo", considerou.

Como vereador em Euskirchen, há 16 anos -- primeiro pela CDU (democrata-cristão) e desde 2022 pela AfD -, Paulo Pinto tem como um dos pelouros a integração de migrantes e criou, em 2010, a primeira Agência de Integração local, que atualmente emprega 30 pessoas.

Leia Também: Estados Unidos colocam Rússia e europeus sob pressão

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