A composição do novo executivo foi anunciada por Christan Stocker, líder do partido conservador austríaco OVP, depois daquelas que classificou como as "negociações governamentais mais difíceis da história" da Áustria.
"É ainda mais gratificante [que possamos] apresentar hoje um programa de trabalho", acrescentou o futuro chanceler, de 64 anos, que era desconhecido dos austríacos até 2022, altura em que foi promovido a secretário-geral do OVP.
O social-democrata Andreas Babler destacou, por seu lado, que "esta coesão de forças construtivas impede o FPÖ de aceder às instituições mais importantes do país", considerando que "este Governo garante o Estado de direito e a democracia".
O líder do FPÖ, Herbert Kickl, tem apelado repetidamente à realização de novas eleições e ironizou hoje na rede social Facebook sobre "o governo mais caro de sempre" com "o pior programa de sempre".
Os três partidos centraram-se na imigração e na integração, com Stocker a prometer uma "proibição dos véus em conformidade com a Constituição para proteger os menores em perigo".
"O reagrupamento familiar será temporariamente suspenso, com efeitos imediatos", acrescentou ainda o político, que, retomando uma promessa feita pelo FPÖ, reserva-se o direito de impor "uma suspensão do asilo no quadro jurídico da cláusula de emergência europeia", se os pedidos aumentarem.
Em meados de fevereiro, um ataque com uma faca perpetrado por um requerente de asilo sírio resultou na morte de um adolescente em Villach (sul) e provocou um debate durante as negociações para o Governo.
Os liberais também anunciaram a criação de um "Ministério Público Federal", uma vez que a Áustria é um dos últimos países da União Europeia (UE) que não tem um destes organismos.
A tomada de posse está prevista para a próxima semana, depois de o programa ser validado pelos vários partidos.
A Áustria, onde o ÖVP está no poder desde 1987, nunca assistiu a negociações tão prolongadas desde o pós-guerra.
Nas eleições legislativas do final de setembro, o FPÖ venceu pela primeira vez, com quase 29% dos votos.
Inicialmente, os conservadores do ÖVP tentaram, sem sucesso, formar uma coligação com a esquerda e os liberais, tendo contacto depois Kickl, mas as tensões aumentaram rapidamente e as negociações também fracassaram, nomeadamente porque a extrema-direita defendia uma orientação eurocética.
Nas ultimas semanas, dezenas de milhares de manifestantes reuniram-se em Viena para defender os direitos fundamentais, que dizem estar a ser ameaçados pelo FPÖ.
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