Partido dos Trabalhadores do Curdistão anuncia cessar-fogo e desarmamento

O Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, na sigla em curdo) anunciou hoje um cessar-fogo total e um futuro desarmamento, dias após um apelo do líder histórico do movimento, Abdullah Öcalan, detido na Turquia.

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Lusa
01/03/2025 06:56 ‧ há 3 horas por Lusa

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Curdistão

"Para preparar o caminho para a implementação do apelo de Apo [Öcalan] à paz e a uma sociedade democrática, declaramos um cessar-fogo a partir de hoje", anunciou o comité executivo do PKK.

 

"Concordamos com o conteúdo do apelo tal como está, e declaramos que o respeitaremos e implementaremos", afirmou ainda o PKK, em maiúsculas, num longo texto escrito em turco.

Na mensagem, publicado pela agência de notícias ANF, próxima do grupo armado, o PKK exige a libertação do fundador do partido, preso há 26 anos ao largo da costa de Istambul.

"O líder Abdullah Öcalan deve poder viver e trabalhar em completa liberdade física e estabelecer relações irrestritas com quem quiser, incluindo os seus amigos", defendeu o PKK.

"O apelo [de Öcalan] não é um fim, mas um novo começo", concluiu o grupo, novamente em maiúsculas.

Numa mensagem lida na quinta-feira por deputados pró-curdos que o tinham visitado na prisão no mesmo dia, Öcalan ordenou ao PKK, que fundou em 1978, que "deponha as armas e (...) se dissolva", afirmando "assumir a responsabilidade histórica desse apelo".

O conflito entre o Estado turco e o PKK, classificado como movimento terrorista por Ancara e pelos seus aliados ocidentais, causou mais de 40 mil mortos desde 1984.

Na sexta-feira, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, declarou que o apelo feito de Öcalan representava "uma oportunidade histórica de avançar para o objetivo de destruir o muro do terrorismo".

"Nenhum membro desta nação, seja turco ou curdo, perdoará quem quer que seja que bloqueie este processo com discursos ou ações ambivalentes, como aconteceu no passado", acrescentou Erdogan, advertindo contra provocações.

Ainda na sexta-feira, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão, Esmaeil Baqaei, saudou o apelo de Öcalan como um passo para "renunciar à violência".

Na quinta-feira, também o presidente da região semiautónoma do Curdistão iraquiano, Nechirvan Barzani, saudou o apelo do líder histórico do PKK para que o movimento se dissolva e deponha as armas.

Um processo negocial entre o Governo turco e o PKK teve início em 2013, mas fracassou em 2015, tendo-se-lhe seguido uma vaga de combates em zonas de maioria curda no sudeste e no leste do país.

Embora o PKK tenha reivindicado desde a sua fundação a criação de um Estado independente, defende atualmente uma maior autonomia nas zonas de maioria curda, principalmente no leste e no sudeste da Turquia, parte do que é considerado o Curdistão histórico, que também se estende a partes da Síria, do Iraque e do Irão.

Leia Também: Erdogan considera apelo de Öcalan "oportunidade histórica" para a Turquia

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