O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, escusou-se, esta segunda-feira, a comentar as declarações proferidas pelo antigo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva. Ao invés, optou por citar a escritora Sophia de Mello Breyner, dizendo que “vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar” – tal como fez Cavaco Silva durante a sua intervenção, no sábado.
“Não me vou pronunciar sobre essa matéria. Não me tenho querido pronunciar sobre as matérias que têm sido objeto de pronúncia das personalidades mais variadas [porque], primeiro, nunca me pronuncio; é o que acontece agora e tenciono que aconteça no futuro. Não me pronuncio sobre ex-chefes de Estado e, no futuro, não me pronunciarei sobre futuros chefes de Estado. Também não me pronuncio sobre eventos partidários”, esclareceu o chefe de de Estado, no âmbito das comemorações do 25.º aniversário da Expo'98.
Contudo, Marcelo deu a entender que não ignorou as duras críticas ao Governo proferidas pelo ex-Presidente, no 3.º Encontro dos Autarcas Sociais Democratas, em Lisboa, optando por responder às questões com uma citação de Sophia de Mello Breyner.
“Como dizia Sophia de Mello Breyner, ‘vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar’; Isso é uma coisa, não podemos é falar sobre isso”, clarificou, usando a frase dita pelo antigo Presidente durante o seu discurso de sábado, a propósito da intervenção do Estado na TAP.
Questionado quanto à atitude de Cavaco Silva, o responsável equacionou que “cada um é como é”, indicando que “a grande riqueza da vida é não sermos iguais”.
“Olha para cinco Presidentes que houve em democracia e somos todos diferentes. Eu, por exemplo, tenho falado imenso enquanto Presidente e tenciono falar nada depois. Outros, terão falado menos enquanto Presidente e falam mais depois”, rematou.
De notar que em causa estão as duras críticas do antigo chefe de Estado ao Governo de António Costa, tendo mesmo convidado o primeiro-ministro a apresentar a sua demissão.
O chefe do Governo já reagiu, esta segunda-feira, tendo acusado o antecessor de Marcelo Rebelo de Sousa “de querer criar o mais rapidamente possível uma crise política artificial, de forma a não dar tempo a que os portugueses sintam, como têm direito a sentir, os benefícios da recuperação económica”.
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