BE lembra combate à corrupção e acusa Chega de compactuar com PSD

O cabeça de lista do BE às eleições legislativas da Madeira destacou hoje o combate à corrupção no arquipélago e afirmou que "sempre denunciou as ligações perigosas" entre Governo Regional e grandes grupos empresariais, ao contrário do Chega.

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© Global Imagens/Helder Santos

Lusa
19/05/2024 17:27 ‧ 19/05/2024 por Lusa

Política

Eleições na Madeira

"Nunca ouvimos uma palavra de nenhum deputado do Chega quando estava no PSD - porque eles foram todos do PSD - contra a corrupção, a levantar-se contra o compadrio, a levantar-se contra as cunhas, a levantar-se contra este tipo de favorecimento. Pelo contrário, até houve um deles que beneficiou dos favores deste regime para tirar o seu doutoramento no estrangeiro", acusou Roberto Almada, num almoço comício em Câmara de Lobos.

Com cerca de uma centena de apoiantes e militantes, o almoço contou com a presença da cabeça de lista bloquista às europeias de 09 de junho, Catarina Martins, que, tal como o candidato madeirense, criticou os 48 anos de governação social-democrata na região, atualmente liderada por Miguel Albuquerque, e defendeu o combate ao crescimento da extrema-direita, representada pelo Chega.

"Se o Albuquerque não tem juízo, trabalhas mais do que é preciso, vota no Roberto, vota no Roberto. É para votar, é para votar, para isto mudar", cantou a comitiva do BE, numa adaptação da música "O corpo é que paga", de António Variações.

Roberto Almada aludiu aos cartazes de campanha dos militantes do Chega, que "descobriram agora o combate à corrupção", e sublinhou que o BE "sempre combateu a corrupção, sempre denunciou as ligações perigosas e nunca se calou perante o abuso na Madeira e no Porto Santo".

"Onde é que estavam esses que agora bradam aos céus contra a corrupção quando nós denunciávamos, quando nós até éramos acusados em tribunal e levados a tribunal por, alegadamente, estarmos a denunciar essas situações, onde é que esses andavam? Estavam todos no PSD como ratos, estavam lá todos escondidos", acusou.

O candidato condenou "as ligações perigosas entre o Governo Regional e os grandes grupos empresariais da Madeira", rejeitando ter ficado surpreendido quando Albuquerque foi constituído arguido por suspeitas de corrupção, o que levou à queda do Governo e à convocação de eleições antecipadas: "Todos nós sabíamos que, mais tarde ou mais cedo, isto ia rebentar."

"A promiscuidade nesta região sempre foi abundante. Desde os tempos de Alberto João Jardim que existe grande promiscuidade entre o poder político e o poder económico, que existem cunhas, concursos forjados, portas giratórias e favorecimentos que são, do nosso ponto de vista, inaceitáveis", reforçou, referindo-se ao anterior presidente do executivo (1976-2015).

Segundo o bloquista, hoje é possível um deputado do parlamento madeirense aprovar uma lei que amanhã o vai beneficiar como empresário, numa lógica de "'offshore' político".

Neste âmbito, o BE vai propor a alteração do Estatuto Político-Administrativo para estender as incompatibilidades e os impedimentos dos titulares de cargos políticos a nível nacional aos titulares de cargos políticos na região.

"De hoje a oito dias só há um voto que muda realmente a Madeira, é um voto no Bloco de Esquerda, é a eleição de mais deputados do Bloco de Esquerda", frisou Roberto Almada.

Catorze candidaturas disputam os 47 lugares no parlamento regional: ADN, BE, PS, Livre, IL, RIR, CDU (PCP/PEV), Chega, CDS-PP, MPT, PSD, PAN, PTP e JPP.

Em 2023, a coligação PSD/CDS venceu sem maioria absoluta, com 23 deputados. O PS conseguiu 11, o JPP cinco o Chega quatro, enquanto CDU, IL, PAN (que assinou um acordo de incidência parlamentar com os sociais-democratas) e BE obtiveram um mandato cada.

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