Catarina Martins defendeu, na noite de segunda-feira, no programa 'Linhas Vermelhas', na SIC Notícias, que o discurso de Donald Trump, que ontem tomou posse como 47.º Presidente dos EUA, foi "grotesco", "perigoso" e "deve ser levado a sério".
"A forma como se apresenta, como sendo quase um enviado de Deus para defender os EUA de tudo. É um discurso que lembra os discursos de fundamentalismo religioso. Ele copia esse tipo de retórica para se afirmar", realçou a eurodeputada do Bloco de Esquerda (BE), sublinhando que é preciso ter cuidado com o que Trump diz fazer com "essa missão que diz ter".
"Ele fala por exemplo das catástrofes que o povo americano tem vivido, no mesmo discurso em que vem garantir que os combustíveis fósseis são todo o futuro que quer e que vai rasgar o pacto verde", lembrou, acrescentando que "ele diz que está a proteger o povo, mas está é a prometer uma catástrofe climática".
Discurso este que é ainda mais preocupante, para Catarina Martins, quando Donald Trump fala da "liberdade de expressão". "Vai censurar todos aqueles que não pensam como ele pensa, o que, nos EUA, tem uma ressonância grave, uma vez que em muitos estados até já há livros que são proibidos", recordou.
Sobre a paz, apesar de o presidente dos EUA ter dito que a ambiciona, a bloquista considera que, na verdade, "todo o seu discurso é sobre declarar guerra a todo o mundo".
"A ideia que os EUA terá tudo o que quer, contra todo o resto do mundo, não lhe importa o quê e essa guerra é aberta em várias dimensões, desde o Golfo do México, o Canal do Panamá, a uma boa parte da população norte-americana, que é a população imigrante, as guerras comerciais todas. Este é mesmo um discurso muito perigoso, de um homem que se afirma de uma forma absolutamente explícita, com um discurso de enorme agressividade e, diria mesmo, protofascista", concluiu.
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