"Uma vez mais não nos traz nada de diferente em relação àquilo que tem sido a governação deste ano, com exceção que do ponto de vista da propaganda e da reciclagem de medidas, e basta ver até agora a resposta que foi dada às tarifas dos Estados Unidos, que é uma reciclagem do programa Economia", afirmou Inês Sousa Real, no Porto, em declarações à Lusa.
À margem do arranque da Academia de Formação Política do PAN naquela cidade, a líder do PAN acusou o executivo liderado por Luis Montenegro de ser um "Governo de propaganda ao invés de ser um Governo que teve oportunidade de executar e fazer a diferença na vida das pessoas e optou, até, por arrastar o país para uma crise politica por conveniência até eleitoralista".
Sobre a intenção da AD de subir o salário mínimo nacional para os 1.100 euros até 2029, uma das medidas que consta naquele programa, Inês Sousa Real concordou que essa "é uma rota que o país precisa percorrer", mas deixou alertas: "Para nós é absolutamente fundamental que haja uma estratégia que permita também fazer o mesmo aumento em relação ao ordenado médio".
"Não nos podemos esquecer que num contexto tão sensível do ponto de vista económico como agora a Europa e o mundo estão a viver (...), é importante termos a consciência de que não é certo de que não haverá défice, também não é certo que não teremos uma recessão que ponha em causa os empregos e a capacidade financeira das empresas",disse.
Por isso, apontou, "este aumento do ordenado mínimo, que no entender do PAN é uma rota que o país tem que fazer, deve ser falada a trabalhada em sede de Concertação Social".
"Apesar de serem medidas que, evidentemente, todas as pessoas desejam, esse aumento, têm que vir depois acompanhadas de um pacote que permita garantir o acesso à habitação, aos bens essenciais, como a alimentação, a saúde", apontou.
Quanto à Saúde, a líder do PAN acusou o ainda primeiro-ministro de estar desfasado da realidade quando defende que houve avanços: "Recordo que Luís Montenegro disse que iria contribuir para a diminuição das pessoas que não têm médico de família e acabamos este mandato com mais 34 mil pessoas sem medico de família, com mais urgências, no verão e no Natal também encerradas.
"A Saúde não só não está melhor como, claramente, isso demonstra uns desfasamento face àquilo que é a realidade que as pessoas vivem e sentem no seu dia a dia na dificuldade de acesso aos cuidados de saúde",considerou.
Para o PAN, o país precisa de "soluções para reter a pressão no Serviço Nacional de Saúde (SNS)" e "aquilo que não pode acontecer é a intenção deste Governo que é a privatização, a substituição do SNS pelo privado porque o SNS tem que ser de facto aquilo que é o serviço público de Portugal e o privado tem que ser complementar".
Inês Sousa Real acusou ainda o Governo de querer recuar em matéria de proteção animal: "Sabemos que este é um Governo que quer recuos, quer voltar a abater animais nos canis, apesar de dizer apenas pela calada e não assumir isso frontalmente com os cidadãos".
"[o Governo] quer perpetuar as touradas e, portanto, estamos aqui a falar de um Governo que esta em contraciclo com a sensibilidade social do nosso tempo", finalizou.
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