O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, disse esta sexta-feira que a informação disponível até ao momento revela que Portugal deverá ter excedentes "nos próximos anos". Estas declarações surgem depois de um volte-face protagonizado pelo ministro da Economia, Pedro Reis, na quinta-feira.
"Posso garantir que com estas condições económicas, com a informação que temos hoje, projetamos excedentes orçamentais para os próximos anos", afirmou o ministro das Finanças, em declarações transmitidas pela RTP3, na Polónia, à margem da reunião dos ministros da zona euro, ressalvando que "menos em 2026 por causa do efeito dos empréstimos do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência]".
Entretanto, fonte do Ministério das Finanças esclareceu ao Notícias ao Minuto que o Governo prevê na mesma excedente para 2026, mas de valor inferior.
A presidente do Conselho das Finanças Públicas (CFP), Nazaré da Costa Cabral, alertou na quinta-feira que o "mini ciclo de excedentes orçamentais pode estar terminado", sendo que não há margem para mais medidas sem encontrar políticas de compensação.
Já o ministro da Economia sublinhou, no mesmo dia, ser "claríssimo" que Portugal não vai ter défice no próximo ano, depois de ter apresentado medidas de apoio à economia para mitigar o impacto das tarifas impostas pelos EUA. Acontece que, minutos antes, o responsável tinha assumido que "ninguém" podia dar essa garantia.
"Incerteza internacional prejudica"
O ministro das Finanças revelou ainda que Portugal está atento ao impacto económico e considera que a incerteza prejudica as previsões:
"Temos previsões de crescimento robustas, naturalmente a incerteza internacional prejudica as previsões de crescimento, as decisões dos agentes económicos", disse o ministro das Finanças. "Estamos muito comprometidos em manter o equilíbrio das contas públicas", afirmou ainda.
"Estamos atentos aos impactos na economia portuguesa, veremos que níveis de tarifas teremos, que tipo de produtos serão mais ou menos afetados", disse o ministro das Finanças, apontando para o programa que foi apresentado na quinta-feira de apoio às empresas. "Estará operacional dentro de algumas semanas", apontou, com a expectativa de que "estes apoios rapidamente chegarão às empresas".
"Era preciso saber o que a administração norte-americana faria", disse Miranda Sarmento, respondendo a quem acusou o Governo de demorar a responder.
[Notícia atualizada às 10h49]
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