O mesmo levantamento da organização não-governamental mostrou que houve um aumento de incêndios de 90% face ao mesmo período de 2023 e a maior extensão de área queimada dos últimos seis anos. A diferença em relação ao ano passado é de 14 milhões de hectares.
"Esse aumento desproporcional da área queimada no Brasil em 2024, principalmente a área de floresta, acende um alerta de que além de reduzir o desflorestamento, precisamos reduzir e controlar o uso do fogo, principalmente em anos em que as condições climáticas são extremas e podem fazer o que seria uma pequena queimada virar um grande incêndio", explicou Ane Alencar, coordenadora do Monitor do Fogo do MapBiomas.
O MapBiomas, que faz mensalmente a monitorização dos incêndios no país através de satélites, informou que mais de metade (57%) da área queimada nos 11 primeiros meses do ano no Brasil fica na Amazónia, onde 16,9 milhões de hectares foram afetados pelo fogo.
Nesse bioma, foram queimados 7,6 milhões de hectares de florestas, incluindo florestas alagáveis - extensão que ficou à frente das pastagens queimadas no período na Amazónia, que totalizaram 5,59 milhões de hectares. Este ano, grandes áreas na Amazónia brasileira foram afetadas por uma grave seca.
"Este crescimento da área queimada na Amazónia reflete não apenas a intensificação das atividades humanas, mas também a continuidade de condições climáticas adversas, com a seca que já marcava 2023 e se prolongou por 2024. Este aumento considerável evidencia a crescente vulnerabilidade das florestas diante da seca prolongada e da pressão do desmatamento", explicou Felipe Martenexen, da equipa do Monitor do Fogo do MapBiomas.
"Em 2024, observou-se uma mudança preocupante no padrão das áreas atingidas pelo fogo, enquanto nos últimos seis anos as queimadas afetaram predominantemente áreas de pastagem, este ano as florestas passaram a ser as mais afetadas", acrescentou.
O segundo bioma mais afetado pelo fogo foi o Cerrado, localizado no centro-oeste do Brasil, com 9,6 milhões de hectares - 85% dos quais (ou 8,2 milhões de hectares) em áreas de vegetação nativa.
Este número representa um aumento de 47% face à média dos últimos cinco anos. Houve um aumento também no Pantanal, no centro-oeste, onde a área queimada de janeiro a novembro foi de 1,9 milhões de hectares e representou um crescimento de 68% face à média dos últimos cinco anos.
Em todo o país, o fogo atingiu prioritariamente áreas de vegetação nativa, que representam 73% do total. Um quarto (25%) da área queimada no Brasil foi em florestas. Entre as áreas de uso agropecuário, as pastagens destacaram-se, com 6,4 milhões de hectares ardidos entre janeiro e novembro de 2024, ou 21% do total nacional.
"Os números de 2024 são alarmantes, especialmente considerando que 2023 já havia registado uma tendência de alta, comprometendo não apenas os biomas mais afetados, como Amazónia e Cerrado, mas também o equilíbrio climático", alertou Vera Arruda, coordenadora técnica do Monitor do Fogo do MapBiomas.
O mesmo especialista avaliou que o recorde de área queimada também em florestas afeta a sua capacidade de regeneração e a resiliência dos ecossistemas no Brasil.
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