A organização russa destacou no seu relatório anual que 2024 ficou marcado pela "morte de pessoas privadas de liberdade por razões políticas".
Citou o caso de Navalny, que morreu em 16 de fevereiro numa prisão do Ártico, e a morte de mais sete oposicionistas ao regime, quatro deles em cativeiro.
O grupo observou que este ano, tal como 2022 e 2023, foi marcado pela guerra da Rússia contra a Ucrânia, que serviu para as autoridades russas aumentarem a perseguição política.
"A perseguição criminal é atualmente a forma mais dinâmica de repressão política na Rússia e na Crimeia anexada", afirmou o OVD-info, citado pela agência espanhola EFE.
A Rússia anexou a península ucraniana da Crimeia em 2014.
Até à data, este ano, foram processadas 2.976 pessoas, das quais 1.407 foram presas, segundo a organização.
Mais de 1.100 pessoas, incluindo 62 jornalistas e 'bloguistas', foram processadas por se oporem à guerra na Ucrânia.
Em 212 casos, os processos penais foram abertos por declarações, comentários, publicações ou vídeos partilhados nas redes sociais.
Os ativistas sublinharam que, este ano, o número de detenções aumentou 25% em relação a 2023.
Também o número de pessoas que ficaram em prisão preventiva antes do julgamento aumentou 185% em relação ao ano anterior.
O número de penas de prisão também aumentou, representando 55% (378 em 679) das sentenças proferidas em 2024, contra 50% no ano anterior.
O OVD-Info registou pelo menos 107 casos conhecidos de pressão física ou psicológica, incluindo a recusa de tratamento médico ou más condições de detenção, bem como 307 casos de tortura e maus-tratos.
Entre as acusações preferidas pelas autoridades contam-se as de "terrorismo" e "justificação do terrorismo", no âmbito das quais foram instaurados 136 processos penais.
A organização destacou o caso do antigo deputado Alexei Gorinov, condenado a três anos de prisão por justificar os ataques ucranianos à ponte da Crimeia.
Referiu igualmente o dos atores Yevgeny Berkovich e Svetlana Petriichuk, condenados a seis anos de prisão por uma peça de teatro sobre as esposas de 'jihadistas' na Síria.
O ano também foi marcado por "repressões sistemáticas contra a comunidade LGBTI", denunciou o OVD-Info.
Depois de declarar o "Movimento Internacional LGBT" uma organização extremista, a polícia russa efetuou rusgas sistemáticas em clubes para homossexuais e foram abertos 12 processos penais.
Os defensores dos direitos humanos denunciaram ainda que o ataque terrorista à sala de concertos Crocus City Hall, em Moscovo, no qual morreram mais de 140 pessoas, foi utilizado pelas autoridades "com fins populistas" para a deportação em massa de estrangeiros.
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