Repressão política aumenta na Rússia em 2024

O grupo de defesa dos direitos humanos russo OVD-Info anunciou hoje que registou este ano um aumento do número de mortos nas prisões russas por motivos políticos, incluindo o líder da oposição, Alexei Navalny.

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© REUTERS/Evgenia Novozhenina/File Photo

Lusa
18/12/2024 15:50 ‧ há 3 horas por Lusa

Mundo

OVD-Info

A organização russa destacou no seu relatório anual que 2024 ficou marcado pela "morte de pessoas privadas de liberdade por razões políticas".

 

Citou o caso de Navalny, que morreu em 16 de fevereiro numa prisão do Ártico, e a morte de mais sete oposicionistas ao regime, quatro deles em cativeiro.

O grupo observou que este ano, tal como 2022 e 2023, foi marcado pela guerra da Rússia contra a Ucrânia, que serviu para as autoridades russas aumentarem a perseguição política.

"A perseguição criminal é atualmente a forma mais dinâmica de repressão política na Rússia e na Crimeia anexada", afirmou o OVD-info, citado pela agência espanhola EFE.

A Rússia anexou a península ucraniana da Crimeia em 2014.

Até à data, este ano, foram processadas 2.976 pessoas, das quais 1.407 foram presas, segundo a organização.

Mais de 1.100 pessoas, incluindo 62 jornalistas e 'bloguistas', foram processadas por se oporem à guerra na Ucrânia.

Em 212 casos, os processos penais foram abertos por declarações, comentários, publicações ou vídeos partilhados nas redes sociais.

Os ativistas sublinharam que, este ano, o número de detenções aumentou 25% em relação a 2023.

Também o número de pessoas que ficaram em prisão preventiva antes do julgamento aumentou 185% em relação ao ano anterior.

O número de penas de prisão também aumentou, representando 55% (378 em 679) das sentenças proferidas em 2024, contra 50% no ano anterior.

O OVD-Info registou pelo menos 107 casos conhecidos de pressão física ou psicológica, incluindo a recusa de tratamento médico ou más condições de detenção, bem como 307 casos de tortura e maus-tratos.

Entre as acusações preferidas pelas autoridades contam-se as de "terrorismo" e "justificação do terrorismo", no âmbito das quais foram instaurados 136 processos penais.

A organização destacou o caso do antigo deputado Alexei Gorinov, condenado a três anos de prisão por justificar os ataques ucranianos à ponte da Crimeia.

Referiu igualmente o dos atores Yevgeny Berkovich e Svetlana Petriichuk, condenados a seis anos de prisão por uma peça de teatro sobre as esposas de 'jihadistas' na Síria.

O ano também foi marcado por "repressões sistemáticas contra a comunidade LGBTI", denunciou o OVD-Info.

Depois de declarar o "Movimento Internacional LGBT" uma organização extremista, a polícia russa efetuou rusgas sistemáticas em clubes para homossexuais e foram abertos 12 processos penais.

Os defensores dos direitos humanos denunciaram ainda que o ataque terrorista à sala de concertos Crocus City Hall, em Moscovo, no qual morreram mais de 140 pessoas, foi utilizado pelas autoridades "com fins populistas" para a deportação em massa de estrangeiros.

Leia Também: "Terroristas". Rússia quer pena de quase 6 anos para advogados de Navalny

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