O ataque teve como alvo o chamado hospital Saudi, segundo o comité de resistência local, um dos grupos de voluntários que coordena a ajuda em todo o Sudão durante a guerra que persiste há 20 meses entre o exército e os paramilitares Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês).
O número de mortos em consequência dos ataques das RSF nesta região ocidental do Sudão ascende assim a 71 numa só semana, acrescentou a rede.
Al-Fasher, o último reduto do exército no Sudão ocidental, está sob o cerco das RSF há meses e, nas últimas semanas, tem sido palco de ataques com armas pesadas contra bairros residenciais, mercados e até campos de deslocados.
O campo de Zamzam, o maior campo do Darfur e que alberga mais de meio milhão de pessoas, situa-se a cerca de doze quilómetros a sul de AlFasher.
Dezenas de milhares de pessoas foram mortas desde o início da guerra, em 15 de abril de 2023, um conflito que fez do Sudão o cenário da pior crise mundial de deslocados internos.
De acordo com as estimativas da ONU, cerca de 14 milhões de pessoas foram forçadas a fugir das suas casas, mais de três milhões das quais para países vizinhos.
O ataque contra o hospital Saudi é o mais recente de outros que tanto paramilitares como as forças governamentais fazem contra estruturas de saúde.
Em declarações à AFP, o médico de clínica geral Mohamed Moussa, de 30 anos e que trabalha no hospital Al-Nao, uma das últimas instalações sanitárias que continuam a funcionar em Omdourman, a cidade gémea da capital, Cartum, reconhece que os sucessivos bombardeamentos dessensibilizam os profissionais de saúde.
Sob bombardeamentos constantes, Mohamed Moussa, um médico sudanês, diz que continua a trabalhar, como outros, no meio de um sistema de saúde em ruínas, de uma crise humanitária sem precedentes, da fome e da insegurança no contexto de uma guerra que dura há mais de um ano e meio.
"Os bombardeamentos dessensibilizaram-nos. O pessoal de saúde não tem outra opção senão continuar", confessa, apesar dos tiros ao longe, dos aviões a sobrevoar e do chão a tremer sob os seus pés.
Desde abril de 2023, o Sudão é devastado por uma guerra que opõe o exército, liderado pelo general Abdel Fattah al-Burhan, às forças paramilitares de apoio rápido, lideradas pelo seu antigo aliado, o general Mohamed Hamdane Daglo.
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