Dez civis mortos em ataque dos paramilitares a hospital no Darfur-Norte

Dez pessoas morreram e 21 ficaram feridas hoje em Al-Fasher, a capital sitiada do Darfur do Norte, na sequência de um bombardeamento dos paramilitares que atingiu o principal hospital da cidade e outros bairros, segundo ativistas.

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© -/AFP via Getty Images

Lusa
18/12/2024 16:35 ‧ há 2 horas por Lusa

Mundo

Sudão

O ataque teve como alvo o chamado hospital Saudi, segundo o comité de resistência local, um dos grupos de voluntários que coordena a ajuda em todo o Sudão durante a guerra que persiste há 20 meses entre o exército e os paramilitares Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês).

 

O número de mortos em consequência dos ataques das RSF nesta região ocidental do Sudão ascende assim a 71 numa só semana, acrescentou a rede.

Al-Fasher, o último reduto do exército no Sudão ocidental, está sob o cerco das RSF há meses e, nas últimas semanas, tem sido palco de ataques com armas pesadas contra bairros residenciais, mercados e até campos de deslocados.

O campo de Zamzam, o maior campo do Darfur e que alberga mais de meio milhão de pessoas, situa-se a cerca de doze quilómetros a sul de AlFasher.

Dezenas de milhares de pessoas foram mortas desde o início da guerra, em 15 de abril de 2023, um conflito que fez do Sudão o cenário da pior crise mundial de deslocados internos.

De acordo com as estimativas da ONU, cerca de 14 milhões de pessoas foram forçadas a fugir das suas casas, mais de três milhões das quais para países vizinhos.

O ataque contra o hospital Saudi é o mais recente de outros que tanto paramilitares como as forças governamentais fazem contra estruturas de saúde.

Em declarações à AFP, o médico de clínica geral Mohamed Moussa, de 30 anos e que trabalha no hospital Al-Nao, uma das últimas instalações sanitárias que continuam a funcionar em Omdourman, a cidade gémea da capital, Cartum, reconhece que os sucessivos bombardeamentos dessensibilizam os profissionais de saúde.

Sob bombardeamentos constantes, Mohamed Moussa, um médico sudanês, diz que continua a trabalhar, como outros, no meio de um sistema de saúde em ruínas, de uma crise humanitária sem precedentes, da fome e da insegurança no contexto de uma guerra que dura há mais de um ano e meio.

"Os bombardeamentos dessensibilizaram-nos. O pessoal de saúde não tem outra opção senão continuar", confessa, apesar dos tiros ao longe, dos aviões a sobrevoar e do chão a tremer sob os seus pés.

Desde abril de 2023, o Sudão é devastado por uma guerra que opõe o exército, liderado pelo general Abdel Fattah al-Burhan, às forças paramilitares de apoio rápido, lideradas pelo seu antigo aliado, o general Mohamed Hamdane Daglo.

Leia Também: Trinta e oito mortos em ataques a El-Fasher no Sudão

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