Europa "não financiará" instituições islamitas na Síria, avisa MNE alemã

A ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, Annalena Baerbock, advertiu hoje os novos dirigentes da Síria de que a Europa não financiará a criação de instituições islamitas no país.

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Lusa
03/01/2025 16:43 ‧ ontem por Lusa

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"A Europa dará o seu apoio, mas não financiará novas estruturas islamitas", avisou Baerbock, numa visita com o homólogo francês a Damasco, onde se reuniu com o novo líder sírio, Ahmad al-Charaa, no palácio presidencial da capital síria.

 

Ahmad al-Charaa é o líder do grupo islamita radical Hayat Tahrir al-Sham (HTS), que liderou a coligação que tomou Damasco a 08 de dezembro de 2024.

O HTS, ex-braço sírio da organização terrorista Al-Qaida, afirma ter rompido com o 'jihadismo', mas continua classificado como "grupo terrorista" por várias capitais ocidentais, entre as quais Washington.

A chefe da diplomacia alemã insistiu igualmente no lugar que deverá ser reservado às mulheres e aos direitos destas na nova Síria.

"É agora necessário estabelecer um diálogo político que inclua todos os grupos étnicos e religiosos e que inclua todos os cidadãos, em particular as mulheres deste país", sustentou.

"Todas elas devem ser envolvidas no processo constitucional e no futuro Governo sírio. Porque, especialmente nesta região, sabemos que os direitos das mulheres são o indicador de uma sociedade que mostra o seu apego à liberdade individual", sublinhou.

"Transmitimos isso claramente aos líderes aqui em Damasco hoje. Era importante saber que eles tinham compreendido", acrescentou Annalena Baerbock.

Lançada a 27 de novembro do ano passado na Síria, uma ofensiva relâmpago derrubou em 12 dias o regime do Presidente sírio, Bashar Al-Assad, há 24 anos no poder, obrigando-o a abandonar o país com a família a 08 de dezembro e a pedir asilo político na Rússia.

A ofensiva, que na realidade eram duas combinadas -- "Dissuadir a Agressão", lançada pelo HTS, que inclui o antigo ramo sírio da Al-Qaida, e "Amanhecer da Liberdade", liderada pelos rebeldes sírios - foi a primeira em grande escala em que as forças da oposição conquistaram território em Alepo desde 2016, quebrando o impasse de uma guerra civil iniciada em 2011, que matou mais de 300.000 pessoas e fez sair do país quase seis milhões de refugiados e que, formalmente, nunca terminou.

Os Presidentes turco e russo, Recep Tayyip Erdogan e Vladimir Putin, respetivamente, acordaram, em 2020, um cessar-fogo, após meses de combates em Idlib.

O reacendimento do conflito fez-se com esta ofensiva que partiu da cidade de Idlib, bastião da oposição, em que os rebeldes conseguiram expulsar em poucos dias o Exército de Bashar al-Assad, apoiado pela Rússia e pelo Irão, das capitais provinciais de Alepo, Hama e Homs, abrindo caminho para Damasco e pondo fim ao regime do clã Assad, iniciado em 1971, ano em que o pai de Bashar, Hafez al-Assad, tomou o poder através de um golpe de Estado.

Leia Também: Síria. Chefes de diplomacia de França e Alemanha reúnem-se com novo líder

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