"A ameaça do regime sionista [Israel] contra um avião que transportava cidadãos libaneses perturbou os voos normais para o aeroporto de Beirute", declarou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Esmaeil Baqaei, num comunicado.
A recusa de aterragem foi feita após Israel ter acusado a Guarda Revolucionária do Irão de contrabandear dinheiro para o movimento xiita libanês Hezbollah em voos civis.
O porta-voz das Forças de Defesa de Israel (FDI), Avichay Adraee, acusou a Guarda Revolucionária do Irão de "utilizar o Aeroporto Internacional de Beirute através de voos civis" para contrabando.
Numa mensagem publicada na rede social X, Avichay Adraee garantiu que o exército israelita "não permitirá que o Hezbollah se arme e trabalhará com todos os meios à sua disposição para fazer cumprir os compromissos do acordo de cessar-fogo, a fim de garantir a segurança dos cidadãos israelitas".
"As FDI mantêm-se em contacto com o mecanismo de controlo do cessar-fogo e transmitem continuamente informações específicas para impedir estas transferências. Apesar dos nossos esforços, calculamos que algumas destas tentativas de contrabando de dinheiro tenham sido bem-sucedidas", salientou o porta-voz.
Face à proibição de aterragem dos aviões, um grupo de apoiantes do Hezbollah bloqueou em protesto algumas das principais estradas que ligam a capital do país, Beirute, ao Aeroporto Internacional Rafik Hariri.
Os apoiantes do Hezbollah reuniram-se depois de as autoridades libanesas terem impedido a aterragem de um avião da Mahan Air, que efetua regularmente a rota entre Beirute e Teerão, informou o diário libanês L'Orient-Le Jour.
O diretor-geral do aeroporto Imam Khomeini na capital iraniana, Saeed Chalandri, confirmou o sucedido em declarações à agência noticiosa Mehr, e assegurou que "o voo desta companhia para Beirute estava previsto", apesar de o país de destino "não ter emitido as autorizações necessárias".
A Direção-Geral da Aviação Civil libanesa já tinha anunciado o reforço das medidas de segurança e "um reajustamento dos horários de alguns voos, incluindo os do Irão, até 18 de fevereiro", dia que coincide com a data limite para a retirada do exército israelita do sul do Líbano, em conformidade com o acordo de cessar-fogo alcançado entre Israel e o Hezbollah em novembro de 2024.
A imprensa libanesa informou que dezenas de cidadãos libaneses ficaram retidos em Teerão depois de a companhia aérea Mahan Air ter sido informada de que o seu voo para Beirute não poderia aterrar.
A 27 de novembro de 2024, um cessar-fogo inicialmente previsto para 60 dias pôs fim a mais de um ano de conflito entre o grupo xiita libanês pró-iraniano Hezbollah e Israel, mas foi prolongado por mais três semanas depois de as tropas israelitas terem falhado o prazo para a sua retirada do Líbano.
O Hezbollah libanês integra o chamado "eixo de resistência" liderado pelo Irão contra Israel, de que fazem parte outros grupos extremistas da região, como os Huthis do Iémen, o Hamas e a Jihad Islâmica palestiniana.
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