A ACNUR manifestou, ainda, grande preocupação com os novos avanços do grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23) e dos seus aliados ruandeses.
Depois de terem tomado Goma, a capital do Kivu do Norte, numa ofensiva relâmpago no final de janeiro, estes combatentes tomaram o controlo de Bukavu, a capital do Kivu do Sul, a apenas cinquenta quilómetros do Burundi, no domingo.
Os combates continuam a alastrar-se no Kivu do Sul, na fronteira entre o Ruanda e o Burundi, sobretudo a sudeste, aproximando-se da capital económica do Burundi, Bujumbura, e obrigando um grande número de civis a atravessar a fronteira.
"Esta é a maior vaga de refugiados que o Burundi já viu desde o início dos anos 2000", afirmou Brigitte Mukanga-Eno, representante do ACNUR naquele país, numa conferência de imprensa em Bujumbura, na tarde de quarta-feira, na presença de funcionários e diplomatas.
Segundo a responsavel, o número de refugiados é de 30.000. Na segunda-feira, as autoridades do Burundi tinham indicado um número de 10.000.
"Estes números são apenas temporários, porque infelizmente continuam a chegar milhares de pessoas todos os dias", acrescentou, apontando para as províncias fronteiriças de Bubanza e Cibitoke.
De acordo com o ACNUR, antes desta vaga de refugiados, o Burundi já tinha no seu território cerca de 90.000 refugiados, principalmente congoleses, que chegaram ao país durante as duas guerras do Congo (1996-1997 e 1998-2003).
A fronteira entre Bujumbura e Uvira, do lado congolês, é também um corredor económico e humano crucial nesta região dos Grandes Lagos sem litoral.
Desde outubro de 2023, o Burundi enviou mais de 10.000 soldados para ajudar o exército congolês a enfrentar o M23 e outros grupos armados.
Na quarta-feira à noite, o enviado especial do Secretário-Geral da ONU para a região dos Grandes Lagos, Huang Xia, disse ao Conselho de Segurança da ONU que o M23 e os seus aliados continuavam a avançar para "outras áreas estratégicas" no Kivu do Norte e no Kivu do Sul.
O chefe da missão de manutenção da paz da ONU na RDCongo(Monusco), Bintou Keita, também se mostrou preocupado com o avanço do M23, que se encontra atualmente "na junção das três fronteiras entre a RDCongo, o Ruanda e o Burundi", disse.
Leia Também: RDCongo. Presidente do Burundi alerta para risco de conflito regional