Estas posições foram transmitidas no último plenário da legislatura antes da dissolução oficial da Assembleia da República, que acontecerá na próxima segunda-feira.
O presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, agradeceu a colaboração que lhe prestaram no exercício das suas funções ao longo dos trabalhos parlamentares e desejou a todos os deputados "os maiores êxitos".
Ana Catarina Mendes, pelo Governo, destacou a "excelência" da presidência do parlamento, de Augusto Santos Silva, ao longo de quase dois anos, e agradeceu a cada um dos deputados "a colaboração, em particular aos líderes parlamentares, pela paciência e pela demonstração que esta é a casa da democracia, é o espelho da sociedade".
"Dentro das nossas divergências devemos manter o respeito pelas instituições, pela qualidade do debate democrático, pela diferença de opiniões. Desejo para a próxima legislatura que este possa ser um espaço de liberdade, de democracia e de respeito por todos os que nos elegem para exercer as nossas funções", declarou.
Numa alusão ao exercício das suas funções de ministra dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes considerou que "é a consciência plena de que o Governo deve prestar contas ao parlamento e o parlamento deve fiscalizar".
Depois de assinalar que se comemoram este ano os 50 anos da democracia, a ministra evocou os "muitos e muitos que deram a sua vida, que lutaram, que foram presos ou exilados para que hoje se continue a lutar pelos direitos de todos".
O presidente do Grupo Parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, saudou todos os deputados e defendeu que se serviu o melhor possível o país "com as naturais divergências em democracia, com opiniões diferentes, com confrontação e com debate vivo muitas vezes".
"A todos os 230 deputados desejo as maiores felicidades pessoais e quero agradecer o debate vivo e intenso que fizemos", completou.
Na mesma linha, o líder da bancada socialista, Eurico Brilhante Dias, realçou a capacidade que os deputados tiveram, "ainda que com divergências, para se conseguir avançar em diferentes domínios".
"Esta legislatura foi difícil em muitos momentos. Fomos confrontados com uma guerra e com um período inflacionista, mas penso que todos, dentro do seu quadro político, procurámos contribuir para que Portugal fosse um país melhor. Em conjunto fizemos isso, apesar de todas as adversidades", sustentou.
Pelo Chega, o presidente da bancada Pedro Pinto salientou também a ideia de que todos os deputados - "cada um com as suas ideias" - procuraram servir o povo português.
"Nem sempre fomos os melhores amigos, nem temos de ser, vamos continuar a ver-nos por aí", disse, agradecendo à Mesa da Assembleia da República, "apesar de todas as dificuldades", bem como aos funcionários e às forças de segurança, "sempre incansáveis".
Na mesma linha, o líder parlamentar da IL, Rodrigo Saraiva, agradeceu a todos os grupos parlamentares "pelos momentos de convergência e divergência" e destacou iniciativas que os liberais trouxeram ao parlamento, no domínio fiscal, da saúde e para introduzir um círculo eleitoral de compensação.
"Aqui estivemos e aqui estaremos para tornar Portugal mais liberal", afirmou.
Paula Santos, líder da bancada comunista, destacou que o PCP "deu voz aos problemas dos trabalhadores e trouxe soluções concretas para a vida das pessoas".
"Sempre cumprindo e respeitando os valores da Constituição conquistados com a Revolução de Abril, de que este ano comemoraremos 50 anos", destacou.
O líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, que já anunciou que não regressará à Assembleia da República na próxima legislatura, salientou que as diferentes posições políticas no hemiciclo representam as diferenças que existem na sociedade.
"De forma imprevista, uma maioria absoluta não leva até ao fim o seu mandato e somos chamados a eleições, o momento mais nobre da democracia é o momento em que o soberano povo é chamado a votar", disse, dizendo que leva "boas memórias" dos debates e confrontos parlamentares.
Os deputados únicos de PAN e Livre saudaram de forma especial Pedro Filipe Soares, por se tratar da sua despedida, com Inês Sousa Real a sublinhar igualmente que "a democracia está viva e a 10 de março vai renovar-se".
"Foi muito bom conhecer muitos de vós", afirmou, por sua vez, Rui Tavares, desejando que, daqui a muitos anos na mesa do café, todos possam dizer que fizeram o melhor possível enquanto estiveram na Assembleia da República.
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