Durante a conferência 'Orgulhosamente acompanhados', um ciclo de seis encontros organizado pelo Instituto Diplomático, no âmbito do centenário do nascimento do antigo primeiro-ministro e antigo Presidente da República Mário Soares, em Lisboa, Amado salientou que o alargamento da Nato levou "o poder mundial para uma realidade de confrontação geopolítica", culminando no "regresso à política das grandes potências e a Europa ficou perdida".
Perante a "reconfiguração" do poder mundial, a "União Europeia não estará à mesa ao longo da próxima década", avisa Luís Amado, mas importa "resistir ao jogo de poder" entre as três grandes potências.
"Há a reconfiguração do sistema internacional e há os equilíbrios necessários para garantir a estabilidade e a paz", indicou ainda o antigo ministro dos negócios Estrangeiros.
Nesse sentido, Luís Amado defende que a Europa se deve "empenhar absolutamente no projeto europeu" e "em garantir as condições que permitam uma solução de entendimento com Trump" e com a administração por si liderada, que "está a tentar repor desequilíbrios, quer na área fiscal, quer na área comercial" que são "estruturais", em "meia dúzia de meses".
"É impossível que não dê mau resultado. Vai dar mau resultado. Só temos que esperar, esperar, esperar, com paciência", frisou.
Por sua vez, o também antigo ministro dos Negócios Estrangeiros Paulo Portas avisa que "se a Europa não tratar da sua agenda" corre o risco de "perder dimensão política", criticando ainda o facto de haver apenas um "único país nuclear na União Europeia".
"Estamos a caminhar para um mundo (..) sem tratados, nem convenções nem instituições", apontou ainda Paulo Portas, alertando que, "quando não há nada disso, só funciona a lei da força".
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