Os deputados alemães votam esta segunda-feira, no Bundestag (parlamento alemão), a moção de confiança ao governo liderado pelo chanceler Olaf Scholz. O resultado desta votação não é, contudo, uma incógnita e esperam-se eleições antecipadas a 23 de fevereiro de 2025. Mas o que aconteceu e o que esperar?
A votação surge mais de um mês depois do fim da coligação composta pelo Partido Social Democrata (SPD), os Verdes e os liberais do FDP. A coligação "semáforo", assim chamada pelas cores dos partidos que a integravam, terminou depois de Olaf Scholz ter demitido o então ministro das Finanças, e líder do FDP, Christian Lindner, por desentendimentos na discussão do plano para o orçamento.
A coligação tripartida, que durou cerca de três anos, enfrentou vários desafios que levaram a divisões cada vez mais acentuadas e a uma instabilidade governativa que custou ao SPD, aos Verdes e ao FDP perdas acentuadas nas urnas, chegando mesmo a obter os piores resultados de sempre em eleições.
Inicialmente, Scholz pretendia convocar uma moção de confiança em 15 de janeiro, o que levaria a Alemanha a ir a votos no final de março, seis meses antes do previsto. Depois da pressão de outros partidos e da opinião pública, o chefe do Governo mostrou flexibilidade.
Atualmente, o país é gerido provisoriamente por um governo minoritário formado pelo SPD e os Verdes até novas eleições. Na passada quarta-feira, Olaf Scholz fez o pedido formal ao Parlamento alemão da moção de confiança.
"Com isso, gostaria de abrir caminho para eleições antecipadas para o Bundestag. Na próxima segunda-feira, explicarei pormenorizadamente a minha proposta (...) Se os deputados seguirem o caminho por mim proposto, solicitarei ao Presidente Federal Steinmeier, na segunda-feira à tarde, a dissolução do Bundestag. Se o Presidente Federal seguir a minha proposta, os eleitores poderão eleger um novo Bundestag a 23 de fevereiro. É esse o meu objetivo", escreveu Scholz em comunicado.
A votação da moção de confiança está marcada para segunda-feira às 13h00 (12h00 em Portugal continental). Antes, está prevista uma intervenção por parte de Olaf Scholz.
O que esperar?
Depois de votada a moção de confiança no Bundestag, é expectável que o governo minoritário, liderado por Olaf Scholz, caia, com o presidente Frank-Walter Steinmeier a marcar novas eleições.
O cenário mais provável é o de eleições antecipadas a 23 de fevereiro e já são conhecidos os quatro candidatos dos partidos com maior representação no Bundestag, com a extrema-direita a escolher, pela primeira vez, apenas um nome para a corrida.
Olaf Scholz é novamente o candidato do SPD, Friedrich Merz é o nome escolhido pela União Democrata-cristã (CDU), Alice Weidel é a figura da Alternativa para a Alemanha (AfD) e Robert Habeck é o candidato dos Verdes a chanceler.
Quantas vezes a República Federal da Alemanha realizou eleições antecipadas?
Na República Federal da Alemanha realizaram-se eleições antecipadas em três ocasiões. Em 1972, com Willy Brandt, do SPD, a perder a moção de confiança, mas a ser reeleito chanceler. Em 1982, Helmut Schmidt, do SPD, foi alvo de uma moção de censura, dando lugar a Helmut Kohl da CDU. Em 2005, Gerhard Schröder (SPD) pediu uma moção de confiança e perdeu a votação, marcando o início dos 16 anos do governo de Angela Merkel (CDU).
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