OIM defende reavaliação das sanções à Síria para permitir reconstrução

A diretora-geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM) defendeu hoje que as sanções internacionais impostas à Síria "têm de ser reavaliadas" para permitir a reconstrução, apontando as consequências são muito visíveis e fragilizam o país.

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© Kirill Chubotin / Ukrinform/Future Publishing via Getty Images

Lusa
20/12/2024 10:57 ‧ há 5 horas por Lusa

Mundo

Síria

Numa conferência de imprensa realizada esta manhã em Genebra, na Suíça, Amy Pope frisou que a economia na Síria se baseia apenas em dinheiro, já que não há sistema bancário devido às sanções impostas há vários anos ao regime do ex-Presidente Bashar al-Assad.

 

"Temos de adotar exceções às sanções, é a única maneita de reconstruir e desenvolver o país e de darmos escala às respostas que precisamos dar a todas as necessidades que vemos", afirmou.

A responsável da agência da ONU, que visitou Damasco nos últimos dias descreveu ainda as "enormes faltas" em todas as áreas, referindo a necessidade de fornecer recursos em grande escala.

"O Governo atual não tem capacidade de responder às necessidades das pessoas, é preciso ajuda da comunidade internacional", sublinhou.

"O impacto de quase 14 anos de conflito é evidente em todo o lado", adiantou Amy Pope, referindo que o país "está num encruzilhada -- o seu povo resoluto, determinado a superar o passado, determinado a reconstruir as suas vidas, mas cauteloso com a imensa incerteza do que está por vir".

Em algumas zonas do país, descreveu, as infraestruturas essenciais, como hospitais e escolas, estão destruídas ou disfuncionais.

"Alepo, por exemplo, foi praticamente destruída durante o conflito entre 2012 e 2016, com mais de dois milhões de pessoas a abandonarem a cidade".

Portanto, resumiu, "as necessidades humanitárias vão desde as mais básicas -- abrigo, comida e água potável -- até à complexa tarefa de reconstruir uma sociedade destroçada".

Segundo assegurou, os vários representantes do Governo interino com quem se encontrou, manifestaram "interesse na reconstrução do país e abertura à comunidade internacional, com uma vontade declarada de fazer uma parceria para satisfazer as necessidades dos sírios".

Para ajudar, aponto a responsável, há que seguir algumas prioridades.

"A prioridade número um é a assistência humanitária. Os números são gritantes. Mais de 90% da população vive abaixo do limiar da pobreza e cerca de 800 mil pessoas tornaram-se novos deslocados nas últimas semanas".

Em segundo lugar, é fundamental ter estabilidade.

"Haverá uma transição -- a justiça, a reparação e a inclusão são uma parte importante disto. Os direitos à habitação, à terra e à propriedade são essenciais e estão no centro da estabilização da comunidade, no contexto dos retornos esperados", sublinhou Amy Pope, adiantando que é essencial recolher dados que estão, há muito, em falta.

"A realização rápida deste trabalho de base crítico é extremamente importante, porque sem os dados, não podemos saber onde priorizar a assistência e, portanto, isto é fundamental para toda a resposta", argumentou.

Pr outro lado, a OIM vai aumentar a presença da organização na Síria, nomeadamente em Damasco, de onde está ausente desde 2018, e retomar esforços com parceiros e comunidades locais.

A organização está a fazer contactos com os países vizinhos que acolheram populações sírias durante a última década.

"Naturalmente, também estão atentos à situação e necessitam de apoio para se adaptarem à paisagem em mudança. Instamos a comunidade internacional a continuar a prestar apoio aos países que acolhem um grande número de cidadãos sírios", apelou, sublinhando que o compromisso com o povo da Síria vai continuar.

Leia Também: Síria. OIM "desaconselha" por enquanto regresso em massa de refugiados

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