"A UE condena a recusa do Hamas em aceitar a prorrogação da primeira fase do acordo de cessar-fogo em Gaza", afirmou Anouar El Anouni, porta-voz da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, em comunicado.
No mesmo comunicado, é também criticada "a decisão de Israel de bloquear a entrada de toda a ajuda humanitária em Gaza", onde a população vive um contexto dramático.
O movimento islamista palestiniano Hamas tem rejeitado repetidamente a prorrogação da primeira fase do acordo de cessar-fogo, preferindo passar à segunda fase do acordo, que poderia pôr termo ao conflito de forma permanente.
"A UE apela para um rápido reatamento das negociações sobre a segunda fase do cessar-fogo e manifesta o seu firme apoio aos mediadores", acrescentou Anouar El Anouni no comunicado.
Israel anunciou no domingo que estava a suspender a entrada de todos os bens e mercadorias na Faixa de Gaza, devastada pela guerra, ameaçando com "novas consequências" se o Hamas não concordasse em prolongar a primeira fase do acordo de cessar-fogo.
Netanyahu explicou esta decisão pela rejeição do Hamas de um compromisso americano que previa o prolongamento da primeira fase do acordo de cessar-fogo - que expirava a 01 de março - durante o Ramadão e a Páscoa, ou seja, até meados de abril.
Em contrapartida, o Hamas acusou Israel de tentar minar a trégua, que entrou em vigor em 19 de janeiro e que, de um modo geral, se tem mantido desde então, apesar das acusações mútuas de violações do cessar-fogo e da ausência de acordo sobre as fases seguintes.
"Um cessar-fogo permanente contribuiria para a libertação de todos os reféns israelitas e criaria as condições necessárias para o início da recuperação e reconstrução de Gaza", afirmou El Anouni, acrescentando que "todas as partes têm a responsabilidade política de tornar realidade" a continuidade do processo.
A UE reiterou ainda o seu apelo para que seja permitido "o acesso total, rápido, seguro e sem entraves à ajuda humanitária em grande escala para os palestinianos necessitados, e para que os trabalhadores humanitários e as organizações internacionais possam operar de forma eficaz e segura em Gaza".
A Arábia Saudita, o Egito, o Qatar, a Jordânia e organizações humanitárias como a Cruz Vermelha condenaram a decisão de Telavive, alertando para o risco de "explodir de novo a situação" no território palestiniano.
O conflito em Gaza iniciou-se com um ataque do Hamas em 07 de outubro de 2023, que causou 1.200 mortos em Israel, na sua maioria civis, e fez cerca de 250 reféns, segundo Telavive.
Em resposta, a ofensiva militar israelita matou mais de 48 mil pessoas, segundo as autoridades de Gaza controladas pelo Hamas.
As duas partes concordaram com o acordo de cessar-fogo em três fases em meados de janeiro.
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