Henrique Gouveia e Melo rejeitou qualquer tabu em relação a uma possível candidatura à Presidência da República, mas salientou que "há tempo" para Portugal saber se o Almirante vai ou não candidatar-se.
Na Faculdade de Direito de Lisboa, onde participava num evento da SEDES Jovem, o almirante foi confrontado com o seu artigo no Expresso - bem como sobre as reações, nomeadamente, a de Luís Marques Mendes, que lhe deu as boas-vindas saudou a sua 'pré-candidatura'.
Questionado sobre se o artigo em causa era mesmo um posicionamento sobre onde - e se - se colocava na corrida a Belém, Gouveia e Melo afirmou que se estava a distanciar das Forças Armadas e que tinha agora uma participação na sociedade civil.
"Tudo a seu tempo. Não tenho nenhum tabu [em relação a um anúncio à corrida presidencial]. Escrever artigos sobre as matérias que me interessam, desde que as pessoas queiram ler, acho que é uma participação cívica", justificou. Quando confrontando pela saudação de Marques Mendes, que já anunciou a sua candidatura, Gouveia e Melo atirou que "os candidatos podem dizer o que quiserem. Não quer dizer que isso me influencie".
Perante a insistência dos jornalistas, o ex-Chefe do Estado Maior da Armada continuou a rejeitar um anúncio sobre o assunto "ali", assim como de falar sobre uma data para se conhecer o seu posicionamento. "Há muito tempo para decidir, para refletir. Não há necessidade de nenhuma pressa. Estou a fazer o meu percurso. Acabei de sair das Forças Armadas. Deixei um tempo para me distanciar das Forças Armadas e estou a intervir no espaço público".
Mas se a vida militar fica 'lá atrás', Gouveia e Melo garante que vai continuar a aparecer: "A minha intervenção cívica vai continuar. Só é limitada pelo interesse - ou não - que a população tem nessa intervenção."
Questionado sobre se, no âmbito da sua ponderação, está agora mais próximo de se candidatar a Belém do que anteriormente, Gouveia e Melo foi assertivo: "Hoje estou muito mais liberto do que estava".
E foi mais longe - quando confrontado sobre se este 'suspense' poderia ser interpretado como desonestidade de um eventual candidato à Presidência perante os portugueses, referiu: "Estou aqui perante vocês, a responder às vossas perguntas e a dizer que estou a participar na sociedade como cidadão. Todos nós podemos participar na sociedade como cidadãos. Temos esse direito cívico. Estou a exercer o direito cívico nos últimos 45 anos não pude exercer".
Não é uma questão tática. Neste momento, estou a usar o tempo que acho que tenho de usar
Foi também questionado sobre se estava a par das críticas deixadas por alguns ao longo deste percurso - candidatos ou não -, e sublinhou: "A crítica nas sociedades democráticas é perfeitamente legítima. Como também as ideias são perfeitamente legítimas. É evidente que sinto o apoio de muitos portugueses, e sinto-me sensibilizado por esse apoio. A minha participação cívica é a que eu acho que devo fazer. Não vou ser forçado a nenhuma participação que eu não queira. Faz parte da minha liberdade. Neste momento, a minha participação cívica foi fazer um artigo, que julgo que era um artigo interessante. Esse artigo teve as respostas que são naturais."
Confrontado novamente sobre se a demora de um eventual anúncio estaria relacionada com um benefício na corrida, reforçou: "Não é uma questão tática. A questão é que há tempo para tomar um conjunto de decisões. Neste momento, estou a usar o tempo que acho que tenho de usar."
[Notícia atualizada às 17h26]
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