Partidos urgem PAR a condenar Chega. Ventura diz ser o mais "insultado"

Esta manhã, todas as bancadas marcaram conferências de imprensa para condenarem a conduta do Grupo Parlamentar do Chega, depois de a bancada ter tecido inúmeros insultos a vários deputados, tendo mesmo declarado injúrias como "aberração", "drogada" ou "pareces uma morta" contra a socialista Ana Sofia Antunes.

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© PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP via Getty Images

Notícias ao Minuto com Lusa
14/02/2025 14:52 ‧ ontem por Notícias ao Minuto com Lusa

Política

Parlamento

Da Esquerda à Direita, a generalidade dos partidos concordaram, esta sexta-feira, existir a necessidade de haver uma reflexão sobre as regras de conduta dos deputados, depois de, na quinta-feira, a deputada do Chega Diva Ribeiro ter acusado a socialista Ana Sofia Antunes, que é cega, de apenas conseguir "intervir em assuntos que, infelizmente, envolvem deficiência". A bancada do partido encabeçado por André Ventura foi ainda criticada por ter proferido vários insultos dirigidos à ex-secretária de Estado da Inclusão quando os microfones estavam desligados.

 

Esta manhã, todas as bancadas marcaram conferências de imprensa para condenarem a conduta do Grupo Parlamentar do Chega, depois de a bancada ter tecido inúmeros insultos a vários deputados, tendo mesmo declarado injúrias como "aberração", "drogada" ou "pareces uma morta" contra Ana Sofia Antunes, tal como comprovou um repórter no local.

Entretanto, o Partido Socialista (PS) anunciou que vai propor alterações ao código de conduta dos deputados para incluir novas sanções, pretendendo ainda que o presidente da Assembleia da República, José Aguiar-Branco, peça desculpa à deputada Ana Sofia Antunes, em nome do Parlamento.

"O grupo parlamentar do PS e outros grupos parlamentares já levaram várias destas situações às conferências de líderes, à comissão de transparência e estatuto de deputados e têm manifestado a sua indignação e repúdio dentro do plenário e nas comissões, mas sem sucesso", disse a líder parlamentar dos socialistas, Alexandra Leitão, que confessou que estes comportamentos "têm vindo a piorar".

"O desrespeito, a má educação, a grosseria, a falta de empatia a que assistimos na AR pela mão do Chega, além de pôr em causa a dignidade do Parlamento e da Democracia, é um péssimo exemplo que estamos a dar aos nossos jovens. Para quem apela à ordem, o Chega é mesmo o oposto disso", disse.

"O ambiente de intimidação que se vive na AR tem de acabar. Basta!"

Para Alexandra Leitão, "ontem atingiu-se um novo mínimo" e Aguiar Branco deve "pedir desculpas" à deputada Ana Sofia Antunes, em nome da Assembleia da República.

Notícias ao Minuto | 10:52 - 14/02/2025

O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, acusou o Chega de ser "um bando de delinquentes" que não respeita ninguém e que trouxe "má educação e grosseria" ao Parlamento, ao mesmo tempo que considerou que é preciso "dizer basta" a este partido.

"Já o disse uma vez e digo novamente: temos um bando de delinquentes no Parlamento que não respeitam ninguém, não respeitam os colegas de trabalho, não respeitam o Parlamento, não respeitam os jornalistas, não respeitam quem lhes paga o salário, que são os portugueses", disse.

Pedro Nuno acusa Chega de ser um

Pedro Nuno acusa Chega de ser um "bando de delinquentes" sem respeito

O líder do PS indignou-se hoje com o Chega que acusou de ser "um bando de delinquentes" que não respeita ninguém e trouxe "má educação e grosseria" ao parlamento, considerando que é preciso "dizer basta" a este partido.

Lusa | 13:36 - 14/02/2025

Por seu lado, o líder do Chega, André Ventura, disse que ponderará se aceita uma revisão do código de conduta dos deputados para introduzir novas sanções, e admitiu fazer autocrítica sobre comportamentos, mas considerou-se o mais ofendido por insultos no Parlamento.

Numa alusão a outras forças políticas, sobretudo às de Esquerda, André Ventura acusou-as de "estarem a fazer choradinhos durante a manhã toda de hoje" com queixas contra o Chega e procurou desdramatizar o episódio de quinta-feira à tarde, em plenário, com a deputada socialista Ana Sofia Antunes.

"Se há partido que tem sofrido na pele esses ataques, esse partido é o Chega. Nunca houve nenhum líder tão insultado como o do Chega. E nunca houve nenhum partido tão insultado na Assembleia da República como o Chega", advogou.

Em relação a insultos proferidos no Parlamento, admitiu eventualmente fazer "mea-culpa", mas recusou em absoluto que "o grande problema da democracia seja o Chega".

"Nunca houve um partido tão insultado no Parlamento como o Chega"

André Ventura já reagiu às acusações de "bullying" e assédio por parte dos outros partidos. Admite que houve "troca de palavras" e "apartes", mas descarta que "os problemas da Democracia tenham começado com a chegada do Chega à Assembleia da República".

Notícias ao Minuto | 12:30 - 14/02/2025

O líder parlamentar do Bloco de Esquerda (BE), Fabian Figueiredo, classificou o episódio de quinta-feira como inaceitável, alertando que o Parlamento "não pode tolerar a discriminação violenta, o bullying, a agressão verbal".

O BE apontou ainda pretender que o presidente do Parlamento "se solidarize de forma pública e institucional" com a deputada Ana Sofia Antunes e todos os visados no plenário, condenando o Chega, e que a conferência de líderes inicie "uma reflexão" de como lidar com estas situações.

A porta-voz dos bloquistas, Mariana Mortágua, frisou que todos sabem a diferença "do que era a Assembleia da República antes, do que era o comportamento dos deputados antes, no plenário, do que era o ambiente que se vivia no debate democrático e daquilo que é hoje, da agressividade de hoje, da degradação do nível do debate de hoje", e sublinhou que "esta degradação tem um único responsável, é o Chega".

"O que o Chega está a dizer ao país e está a dizer aos seus apoiantes é que é aceitável insultar deputadas por serem negras, que é aceitável insultar deputadas por serem deficientes, que é aceitável insultar. E isto não é um problema de má formação, é um problema de estratégia política", criticou.

Mariana Mortágua disse ainda ter a certeza que de muitos dos que votaram no Chega "têm vergonha destes comportamentos, têm vergonha desta banalização da violência, do insulto, do ódio e que hoje se arrependem de ter votado no Chega".

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Chega é "único responsável" pela degradação do ambiente no Parlamento

A coordenadora do BE defendeu hoje que o Chega "é o único responsável" pela degradação do ambiente na Assembleia da República e que tal se deve a uma estratégia deliberada do partido de "banalizar a violência e o insulto".

Lusa | 14:32 - 14/02/2025

O deputado António Filipe, do Partido Comunista Português (PCP), disse concordar com a discussão deste assunto em conferência de líderes, e defendeu que o Chega deve um pedido de desculpas ao Parlamento e ao país. Afirmou, além disso, que os acontecimentos de quinta-feira em plenário representaram o "ponto mais baixo" atingido pelo partido de André Ventura e defendeu que o presidente da Assembleia da República não deve ser excluído deste debate.

"Aquilo que se passou ontem na Assembleia da República é inaceitável"

PCP também já reagiu ao "bullying" feito por parte do Chega à deputada socialista Ana Sofia Antunes, que é invisual.

Notícias ao Minuto | 13:04 - 14/02/2025

Já o deputado e porta-voz do Livre, Rui Tavares, acusou Aguiar-Branco de "parcialidade em relação a um grupo parlamentar porque é maior, faz muito barulho e se calhar mete mais medo", numa alusão ao Chega.

O deputado recordou que o Parlamento tem, a pedido do Livre, um dossier comparado sobre o que é feito em outros parlamentos democráticos, incluindo o Parlamento Europeu, pedindo que este seja a base do trabalho a fazer na Assembleia da República.

A deputada única do PAN, Inês Sousa Real, disse acompanhar a iniciativa do PS de revisão do código de conduta para combater comportamentos que, na quinta-feira, "atingiram um patamar absolutamente inqualificável".

“Não será o Chega que nos vai intimidar", disse, quando questionada quanto à possibilidade de serem aplicadas sanções, tendo acusado o partido liderado por André Ventura de fazer "um bloqueio aos trabalhos parlamentares".

Pela Iniciativa Liberal (IL), o deputado Mário Amorim Lopes considerou o episódio de quinta-feira "um dos mais indignos e aviltantes de que há memória" e defendeu que os chamados apartes devem ser do conhecimento público.

"Estamos sempre disponíveis para rever o código de conduta; se o melhor são sanções ou não, não sabemos. A primeira abordagem será a transparência: que todos os portugueses possam ouvir os insultos dirigidos no plenário", disse.

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Lusa | 13:10 - 14/02/2025

Já o líder parlamentar do Partido Social Democrata (PSD), Hugo Soares, considerou que será difícil legislar contra a falta de educação e urbanidade na Assembleia da Republica, tendo defendido que devem ser os eleitores a julgar o comportamento dos deputados. Ressalvou, contudo, que quer a linguagem parlamentar, quer os apartes registados na quinta-feira e em outras ocasiões "ultrapassam todos os limites das regras da convivência, da educação e da urbanidade".

"Tenho sérias dúvidas de que isto sejam matérias passíveis de serem reguladas. Não há forma de regular a falta de educação", disse, deixando um apelo à consciência individual dos deputados e dos líderes parlamentares para que possam "contribuir para o prestígio das instituições".

Questionado sobre as críticas do PS e de outras bancadas à forma como o presidente da Assembleia da República tem gerido situações como esta, Hugo Soares fez questão de se solidarizar com Aguiar-Branco, recordando que na quinta-feira não era ele quem presidia aos trabalhos.

"Tem tido uma postura absolutamente impecável dentro daquilo que são os limites dos poderes da sua atuação e dentro daquilo que é o bom senso. Tem procurado sempre intervir quando deve e quando o regimento lhe permite e tem procurado contribuir para um não exaltamento dos ânimos. Não posso acompanhar as críticas ao sr. presidente da Assembleia da República", afirmou.

PSD considera difícil legislar contra

PSD considera difícil legislar contra "falta de educação e urbanidade"

O líder parlamentar do PSD considerou hoje que será difícil legislar contra a falta de educação e urbanidade na Assembleia da Republica e defendeu que devem ser os eleitores a julgar o comportamento dos deputados.

Lusa | 12:45 - 14/02/2025

Por sua vez, o líder parlamentar do CDS, Paulo Núncio, considerou que nem só o Chega profere apartes insultuosos em plenário, mas também as bancadas da "extrema-esquerda", e acusou o PS de hipocrisia em matéria de degradação do debate político.

"Certamente que também fazemos apartes, mas são apartes que estão dentro das regras de civilização e de urbanidade que devem acompanhar a natureza desses mesmos apartes. Fazemos um apelo para que as outras bancadas, não só a bancada do Chega, mas também outras bancadas à Esquerda, cumpram os requisitos mínimos e dignifiquem as instituições, designadamente o Parlamento", salientou.

E complementou: "Não estou a desculpar os apartes do Chega. Há muitos apartes que são feitos pela extrema-esquerda e que são feitos pelas bancadas do PS, que têm passado um pouco debaixo do tapete. As bancadas da Esquerda não estão imunes aos ataques e às críticas que têm sido feitas."

CDS afirma que nem só Chega insulta em plenário e acusa PS de hipocrisia

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O CDS considerou hoje que nem só o Chega profere apartes insultuosos em plenário, no parlamento, mas também as bancadas da "extrema-esquerda", e acusou o PS de hipocrisia em matéria de degradação do debate político.

Lusa | 14:07 - 14/02/2025

Leia Também: Após insultos do Chega, deputada do PS reage: "O currículo fala por mim"

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