Médicos do único hospital do norte de Gaza denunciam ordem de retirada

Os médicos do hospital Indonésio, o único que continua a funcionar no norte da Faixa de Gaza, afirmaram hoje que o exército israelita ordenou a sua retirada e alertaram para os danos existentes no edifício e equipamentos.

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© Khalil Ramzi Alkahlut/Anadolu via Getty Images

Lusa
03/01/2025 15:23 ‧ ontem por Lusa

Mundo

Médio Oriente

"Restam cerca de 15 pessoas no hospital, principalmente doentes que foram retirados do [hospital] Kamal Adwan", lamentou uma das médicas, Arawya Tamboura, citada pela agência espanhola de notícias Efe.

 

Depois do ataque israelita ao único outro hospital do norte da Faixa de Gaza, o Kamal Adwan, no passado fim de semana, grande parte dos doentes foram transferidos para o hospital Indonésio, que continuou a funcionar apesar dos enormes danos que já sofreu devido aos constantes ataques, explicou a médica.

"O hospital não tem fornecimento de material e está muito deteriorado, as fundações do edifício foram danificadas por um ataque anterior, em dezembro", acrescentou Arawya Tamboura.

Segundo a mesma fonte, as tropas do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, deram ordem de retirada através de um altifalante, numa mensagem na qual exigiram a um médico, Iyas Abu Dakkah, que abrisse os portões e abandonasse o hospital "deixando lá os pacientes".

A equipa médica do centro hospitalar decidiu permanecer com os seus pacientes, garantiu, no entanto, Tamboura.

Antes de ordenarem o abandono do hospital, as forças israelitas terão destruído as estações de oxigénio e de eletricidade, segundo avançou a agência oficial palestiniana de notícias Wafa.

"Os danos no hospital exigirão pelo menos dois meses de grandes reparações do edifício e dos equipamentos médicos, de [fornecimento de] água, eletricidade e oxigénio, para permitir que volte a funcionar em níveis mínimos", alertou a médica.

Israel tem levado a cabo uma dura ofensiva de "terra queimada" em todo o norte da Faixa de Gaza há quase 90 dias, que causou mais de 3.000 mortos, milhares de desaparecidos e uma enorme destruição em toda a área.

Na terça-feira, um relatório divulgado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos denunciou que Israel realizou pelo menos 136 ataques contra 27 hospitais e 12 outras instalações médicas em Gaza desde o início da guerra.

Uma campanha militar que, para a agência da ONU, pode constituir crimes de guerra e contra a humanidade.

O alerta foi reiterado na quinta-feira, quando duas relatoras da ONU consideraram que os ataques ao direito à saúde dos palestinianos estão a atingir "novos níveis de impunidade", após o ataque israelita ao hospital Kamal Adwan e a detenção do seu diretor.

O atual conflito no Médio Oriente, que causou dezenas de milhares de mortos, sobretudo em Gaza, foi desencadeado por um ataque do grupo islamita palestiniano Hamas no sul de Israel em 07 de outubro de 2023.

Israel respondeu com uma intervenção militar de grande envergadura na Faixa de Gaza, mas o conflito estendeu-se ao Líbano por o grupo xiita libanês Hezbollah ter atacado alvos israelitas para ajudar o Hamas, com confrontos abertos também com o Irão, Iémen e Síria.

Desde 07 de outubro de 2023 morreram cerca de 1.200 pessoas do lado israelita, a maioria civis, segundo números oficiais de Telavive, e foram feitos mais de 250 reféns, alguns dos quais morreram ou foram mortos em cativeiro na Faixa de Gaza.

Mais de 45.600 palestinianos foram mortos na campanha militar de retaliação de Israel em território palestiniano, a maioria dos quais civis, segundo dados do Ministério da Saúde do Governo do Hamas para Gaza, considerados fiáveis pela ONU.

Leia Também: "Novos níveis de impunidade" em ataques de Israel à saúde palestiniana

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