O historiador britânico lamentou que o "breve momento de unidade europeia" na reunião de emergência após a Conferência de Segurança de Munique, em Paris na segunda-feira, tenha sido ofuscado por divergências sobre a participação numa força europeia de manutenção de paz.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, manifestou-se disposto a enviar soldados, mas os Executivos da Alemanha e Polónia consideraram a sugestão prematura e afastaram o seu envolvimento.
Garton Ash, professor de História na universidade de Oxford, também considera que esta é "uma proposta completamente irrealista" porque não acredita que seja possível alcançar tão cedo um acordo de paz ou que os EUA ofereçam uma garantia de segurança.
"Não estou a ver nenhum acordo de paz explícito que Putin e Zelensky assinem. Não creio que isso exista. Portanto, não vai haver paz. Poderá haver um cessar-fogo, mas isso é algo muito diferente. Trump não vai, de certeza, dar uma garantia de segurança", afirmou hoje, durante um 'webinar' organizado hoje pelo centro de estudos britânico UK in a Changing Europe.
Na opinião do historiador, os líderes europeus devem antes discutir "o que vamos fazer para permitir que os ucranianos continuem a lutar e a estabilizar a linha da frente em ruínas no Leste, mesmo sem o apoio militar e económico dos EUA", mesmo se adivinhe alguma discordância entre diferentes governos europeus.
Em vez de uma solução negociada diplomaticamente, o historiador receia que, à semelhança da guerra da Coreia (1950 -1953), a guerra na Ucrânia se vá tornar numa "espécie de conflito congelado na prática, que se transforma numa linha de divisão" e que os países europeus terão de atuar como "dissuasão ativa durante anos e provavelmente décadas".
Negociadores russos e norte-americanos estão hoje reunidos durante cerca de quatro horas e meia em Riade, na Arábia Saudita, para discutir um potencial acordo de paz para a guerra na Ucrânia.
Do lado norte-americano participam o secretário de Estado, Marco Rubio, bem como o conselheiro para a Segurança Nacional do Presidente dos Estados Unidos, Mi ke Waltz, e o enviado especial para o Médio Oriente, Steve Witkoff.
A Rússia esteve representada pelo chefe da diplomacia, Sergei Lavrov, e por Yuri Ushakov, conselheiro diplomático do presidente russo, Vladimir Putin.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, criticou hoje a reunião russo-americana que decorreu na Arábia Saudita, caracterizando-a como conversações sobre a invasão russa da Ucrânia "sem a Ucrânia".
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