Lisboa é "uma cidade que vive da propaganda", disse o responsável, acrescentando: "Não sei se é o Governo central que aprendeu a técnica da propaganda com a Câmara Municipal, ou se é a Câmara Municipal que vive também no espelho daquilo que é a propaganda do Governo central".
A verdade é que, frisou o líder comunista, têm boas equipas e devem gastar "rios de dinheiro", mas o problema é que com a propaganda a "vida das pessoas continua a andar para trás".
Paulo Raimundo falava no Centro Cultural de Carnide, no final de um encontro da CDU de Lisboa "Pelo direito à cidade", na qual participou também João Ferreira, candidato da coligação à Câmara de Lisboa nas próximas eleições autárquicas.
Depois de várias intervenções a apontarem os principais problemas da cidade, o secretário-geral do PCP salientou que na base desses problemas estão as gestões conduzidas pelos socialistas e pelos social-democratas.
"Em anos de gestão PS, para lá da gritaria, contou sempre no que era decisivo com a viabilização e com o apoio do PSD, e agora a gestão do PSD, para lá das proclamações e das peitaças cheias de ar, não houve uma medida estruturante que não tivesse sido viabilizada pelo PS, aliás todos os orçamentos foram viabilizados pelo PS", disse Paulo Raimundo.
Assim, considerou o secretário-geral do PCP, quando o PS critica as opções da Câmara Municipal de Lisboa o que está a fazer é a criticar as suas próprias opções. E, prosseguiu, quando o PSD vem condenar a gestão anterior o que está é a condenar a sua cumplicidade com a gestão anterior.
E concluiu que no retrocesso da cidade, no retrocesso da maioria dos que vivem e que trabalham em Lisboa, em todos problemas identificados está "a marca e o carimbo das políticas do PS e do PSD".
As políticas para a cidade, considerou, são sempre determinadas por uma opção, por um projeto ao serviço de uma pequena minoria, "dos que olham para Lisboa como uma plataforma logística de alto comércio e alta especulação".
Afirmando que os que ainda conseguem viver em Lisboa mereciam uma vida melhor, que os lisboetas irão ficar "muito bem servidos" com João Ferreira como presidente da Câmara, Paulo Raimundo alertou para "o que aí vai vir" nas campanhas eleitorais, para as eleições legislativas e autárquicas: promessas, demagogia e hipocrisia.
"Tudo vai valer no discurso da batalha eleitoral, na bolha. E depois há a realidade da vida" e essa só se muda com mais apoio na CDU, frisou o líder comunista.
Antes João Ferreira tinha falado sobretudo dos problemas da capital resultantes das política do PS e do PSD, da especulação imobiliária, da falta de casas quando há 48 mil casas vazias, das casas que se compram e vendem e que nunca chegam a ter moradores, ou da proliferação de hotéis.
Preconizando uma união para mudar a cidade, mas não com quem criou os problemas que Lisboa vive, João Ferreira falou ainda da "gestão incompetente" de Carlos Moedas como presidente da Câmara.
"Nada avançou ao longo deste mandato, nem o que estava pronto para avançar", num momento em que a autarquia além do orçamento teve verbas comunitárias, lamentou.
Num longo discurso, o candidato falou ainda, nomeadamente, da falta de regras no turismo, da degradação ambiental, do ruído, da educação, da saúde, da mobilidade e da falta de segurança.
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