"Neste momento, os aderentes do BE aguardam que seja retomado o processo da Convenção e as várias etapas ainda por concretizar. Para nós, Moção 'S', tal deve acontecer imediatamente após as eleições legislativas nacionais, devendo a Convenção finalizar-se em datas a marcar até finais de junho", lê-se num texto publicado pelos subscritores desta moção, no seu 'site' oficial.
Este mês, o BE decidiu suspender o processo da XIV Convenção Nacional, que estava prevista para 31 de maio e 01 de junho, devido à situação de crise política e convocação de eleições legislativas antecipadas para maio, e vai aprovar um novo calendário em reunião da Mesa Nacional agendada para domingo.
Na ótica da moção 'S', subscrita por um grupo de críticos da direção do BE, que inclui dirigentes que integraram a lista encabeçada por Mortágua na última convenção, "além de ajustes nas moções e plataformas, que poderão ser realizados ao longo dos debates previstos", o calendário que propõem "favorece a ampla participação em propostas programáticas para os mandatos autárquicos, antes do prazo de entrega das listas de candidatos" para este sufrágio, que decorrerá em setembro ou outubro.
Os dirigentes da moção 'S' dizem estar a tentar compatibilizar um calendário com os subscritores da moção 'A', encabeçada pela coordenadora nacional, Mariana Mortágua, e caso não haja consenso pretendem levar à Mesa a sua proposta.
No texto, estes subscritores salientam que a Convenção "está suspensa e não adiada 'sine die'", sendo "indispensável, para a reconstrução e reunificação do partido, mas também para a capacidade de resposta sustentada democraticamente e em tempo útil aos desafios nacionais e internacionais - como no caso da política europeia - que ela se conclua no intervalo entre as eleições para a Assembleia da República e o início do prazo para a entrega das candidaturas autárquicas".
"O facto de termos iniciado um processo de Convenção, apresentação de moções e início de debates, compromete as duas moções como sujeitos ativos da vida interna e democrática do BE. Haver eleições legislativas antecipadas e ser consensual adiar a Convenção não permite à direção do BE omitir a existência de moções em alternativa e de um processo de Convenção a decorrer, embora com novo calendário", alertam estes bloquistas.
O grupo de críticos refere ainda que na preparação das eleições legislativas, "estão a ser replicadas algumas das táticas de campanha do Die Linke", partido alemão da família política do BE: "campanhas porta a porta e nas redes sociais, e a apresentação de militantes históricos como cabeças de lista". O semanário Expresso noticiou na quinta-feira que o BE está a ponderar colocar três fundadores do partido como cabeças de lista nas legislativas: Francisco Louçã, Fernando Rosas e Luís Fazenda.
Contudo, os dirigentes da moção 'S' realçam que o partido alemão "tinha tido um congresso que procedeu a uma profunda renovação, houve um trabalho importante de unificação do partido e de reforço das estruturas locais", algo que consideram que não tem sido feito no BE.
"Ainda será de lembrar que aquele partido da esquerda alemã centrou a sua campanha num programa claro e de luta de classes com enfoque em questões nacionais e internacionais que afetam a vida das pessoas", é acrescentado.
Na ótica destes dirigentes, "a abordagem adotada pelo BE poderia ser melhorada com o concurso dos proponentes de moções e plataformas locais à Convenção, bem como dos órgãos locais do partido".
"Estas estruturas, e todos os aderentes, na sua diversidade, são recursos preciosos que não estão a ser valorizados", avisam.
Leia Também: BE/Açores considera "uma farsa" processo de privatização da Azores Airlines